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A Europa das Línguas

Dia Europeu das Línguas

O Ano Europeu das Línguas (AEL) 2001, organizado conjuntamente pelo Conselho da Europa e pela União Europeia, envolveu com sucesso milhões de pessoas nos 45 países participantes. As atividades desenvolvidas celebraram a diversidade linguística na Europa e promoveram a aprendizagem de línguas.

Na sequência do êxito do AEL-2001, o Conselho da Europa instituiu o Dia Europeu das Línguas, a ser celebrado todos os anos no dia 26 de setembro. Os objetivos gerais do Dia Europeu das Línguas são:

  1. Alertar o público em geral para a importância da aprendizagem das línguas e diversificar a oferta linguística de modo a incrementar o plurilinguismo e a compreensão intercultural;
  2. Promover a riqueza da diversidade linguística e cultural da Europa, que deve ser preservada e valorizada;
  3. Fomentar a aprendizagem de línguas ao longo da vida, dentro e for a da Escola, seja para fins académicos ou profissionais, seja para fins de mobilidade ou por prazer e intercâmbio.

Em 26 de setembro de 2011 assinalou-se o 10º aniversário do Dia Europeu das Línguas (DEL), celebrado no Conselho da Europa e em todos os 47 estados-membros.

A expectativa do Conselho da Europa é a de que este Dia seja celebrado tanto pelas autoridades nos estados-membros como por outros potenciais parceiros a vários níveis:

  • decisores políticos (medidas específicas ou debates sobre assuntos relacionados com política de línguas, por exemplo);
  • público em geral (aumentando a consciência sobre os objetivos do DEL, incluindo a importância da aprendizagem de línguas ao longo da vida, em qualquer idade, em estabelecimentos de ensino, no local de trabalho, etc.);
  • no âmbito do voluntariado (ações específicas por e/ou para ONG, associações, empresas, etc.). Quem pode participar?

Fonte: http://edl.ecml.at/Home/Whatisit/tabid/1760/language/pt-PT/Default.aspx

A caminho da era poliglota

Se alguém lhe dissesse: “flisni me mua”, saberia o que significa ou mesmo de que língua se tratava? Com cerca de 225 línguas, é rica e diversa a herança linguística da Europa: facto a merecer celebração. Mas até que ponto os europeus se interessam por aprender a língua dos vizinhos próximos e menos próximos? Muitos europeus podem até pensar que viver em contexto monolingue é a norma. Mas entre metade a dois terços da população mundial é bilingue até certo ponto, e um número significativo de pessoas é plurilingue, ou seja, tem algum nível de competência noutras línguas (seja na compreensão, na escrita, na expressão oral…).

O plurilinguismo é, muito mais do que o monolinguismo, a condição humana normal. Há milhões de pessoas que pensam que não sabem mais nenhuma língua para além da sua língua materna; contudo, muitas delas têm algum conhecimento de outra língua. E, todavia, as oportunidades de aprender uma nova língua são hoje em dia maiores do que em qualquer outra época. Para realçar a importância da aprendizagem de línguas, o Conselho da Europa instituiu o Dia Europeu das Línguas (DEL), que se celebra todos os anos a 26 de setembro. A ideia por detrás do DEL é encorajar o “plurilinguismo”. Isto não é novo nem obscuro. É um facto da vida quotidiana entre muitos povos de África e da Ásia e é a norma em várias partes da Europa, em particular no Benelux e na Escandinávia e também na bacia do Mediterrâneo. E não tem de assustar as pessoas, levando-as a pensar que têm de aspirar a um domínio ao nível de um falante nativo. Trata-se de ser capaz de comunicar e ser compreendido de acordo com as necessidades e as exigências de cada um. A expansão internacional do inglês parece ser incontornável; há estudos que revelam que para a maioria dos aprendentes de línguas a aquisição de algum domínio de inglês é uma prioridade (um em cada três declara ser capaz de comunicar em inglês, de acordo com o Eurobarómetro).

Contudo, uma vez alcançado esse objetivo, não há razão para nos satisfazermos só com o inglês. Muitas outras línguas são também instrumentos valiosos para aproveitar ao máximo as experiências da vida, seja para trabalhar ou para viajar. Uma das ironias de um mundo globalizado é que o estatuto do inglês possa entrar em declínio. À medida que cada vez mais pessoas se tornam proficientes na “língua franca” da atualidade, o que deverá fazer a diferença é a capacidade de falar outras línguas. No mundo do trabalho e da educação, os falantes nativos de inglês terão de competir com candidatos que têm já a sua língua materna, mais o inglês e, em número cada vez maior, um conhecimento razoável de uma terceira ou de uma quarta língua. E a competência linguística traz muito mais do que benefícios económicos. Leva-nos a ser mais abertos aos outros, às suas culturas e atitudes, e também promove uma maior flexibilidade mental ao permitir-nos operar em diferentes sistemas de representação e em função de diferentes visões do mundo. Não devemos, portanto, subestimar o valor da aprendizagem de línguas na medida em que nos dá acesso ao povo, à cultura e às tradições de outros países. As pessoas que conseguem comunicar com outras culturas são potencialmente mais tolerantes. É preciso ter em conta que ser monolingue é ficar dependente da competência linguística e da boa vontade de outros. Aprender a utilizar outra língua é mais do que a aquisição de uma competência útil – reflete uma atitude de respeito pela identidade e pela cultura de outros e de aceitação da diversidade.

O Conselho da Europa lançou um projeto pioneiro para capacitar as pessoas a avaliarem o seu nível de proficiência numa língua estrangeira. O Portefólio Europeu de Línguas pretende motivar os aprendentes, pelo reconhecimento dos esforços para alargarem e diversificarem as suas competências linguísticas a todos os níveis, assim como fornecer um registo das capacidades adquiridas, o qual pode ser consultado, por exemplo, quando passam para o nível superior ou quando procuram emprego no país ou no estrangeiro. Com base num sistema de grelha, os aprendentes de línguas podem avaliar as suas capacidades – compreensão, leitura, produção oral e escrita – e atribuir-lhes um dos seis níveis europeus. Estes níveis têm vindo a ser adotados pela maior parte dos organismos de certificação na Europa, por muitos estados-membros e pela UE, em especial no âmbito do modelo Europass, um sistema criado para possibilitar a transparência e a comparabilidade das capacidades dos indivíduos entre os estados-membros. Um dos propósitos centrais do Dia Europeu das Línguas é reforçar a ideia de que a aprendizagem de línguas é um processo que se desenvolve ao longo da vida. Muitos adultos acreditam que, por terem perdido (ou desperdiçado) a oportunidade de adquirir uma nova língua durante os seus anos de educação formal, é demasiado tarde para recomeçar o processo. Não é. Por toda a Europa, aulas, programas e técnicas (desde livros a CD-ROM) estão disponíveis para qualquer pessoa melhorar as suas capacidades linguísticas. O que muitas vezes falta é a motivação pessoal para ultrapassar o fator “medo das línguas”. Muitas pessoas desenvolvem as suas competências linguísticas após saírem da escola ou da universidade, o que não é assim tão surpreendente: aprender línguas na escola é muitas vezes encarado como uma obrigação e não como uma oportunidade. É apenas quando começamos a explorar o mundo lá fora, seja por motivos profissionais ou por lazer, que nos apercebemos do valor das outras línguas. E a título de encorajamento, é bom saber que cada língua adicional se torna progressivamente mais fácil; portanto, quando tiver ultrapassado o primeiro obstáculo e quiser arriscar o húngaro ou o cantonês, experimente.

Fonte: http://edl.ecml.at/Home/Movingintothepolyglotage/tabid/2970/language/pt-PT/Default.aspx

As Línguas da Europa

É difícil calcular quantas línguas são faladas no mundo. Esta afirmação surpreende com frequência aqueles que não se dedicam à linguística, mas é precisamente assim. Na Europa passa-se o mesmo, o que não é de estranhar.

No continente europeu existem línguas que quase deixaram de ser faladas e que em tempos recentes têm sido recuperadas (como o tártaro da Crimeia, falado por um povo que foi sujeito a deportação). Línguas que chegam com as pessoas que as utilizam (como o chinês). Línguas que, por vontade das sociedades que delas fazem um elemento de identificação e de coesão social, nascem a partir de outras que já existem (como o luxemburguês, originariamente uma variedade local do alemão), e línguas que querem ressuscitar (como o córnico). Infelizmente, também há línguas que se perdem (como o aragonês). Em suma, é difícil quantificar o número de línguas que são faladas na Europa.

De todo o modo, pode considerar-se que as línguas faladas no continente europeu, do oceano Atlântico à cordilheira dos Urales — mas sem a do Cáucaso — são cerca de setenta, sem contar as diversas línguas de sinais das diferentes comunidades de pessoas surdas nem todas as línguas que os não europeus vindos de todo o mundo utilizam diariamente.

A maioria destas cerca de setenta línguas pertence à família indo-europeia, o que significa que têm uma origem comum e que, portanto, se assemelham, embora muitas vezes estas semelhanças — por exemplo entre o italiano e o sueco — só possam ser detectadas pelos especialistas, pois não são, de modo nenhum, evidentes numa primeira abordagem. Na Europa também existem línguas das famílias uraliana (como o finlandês, o estónio, o sami ou o húngaro) e altaica (como o turco ou o tártaro) e, ainda, uma língua da família afro-asiática, o maltês, relacionado com o árabe, e uma língua sem família conhecida: o basco.

Na Europa, são indo-europeias as línguas bálticas (o letão e o lituano), as célticas (por exemplo o gaélico irlandês, o galês e o bretão), as eslavas (como o russo, o polaco, o servo-croata ou o macedónio), as germânicas (como o inglês, o alemão, o frisão ou o islandês) e as românicas (por exemplo o catalão, o romeno, o castelhano ou o occitano), bem como o grego, o albanês e o romani, a língua indo-iraniana falada por tantos ciganos europeus.

Ao longo da história, as línguas europeias apropriaram-se de palavras umas das outras — e também de línguas de outros continentes, como é evidente —, numa inter-relação fecunda. Assim, apenas a título de exemplo, o turco deu a um grande número de línguas europeias palavras como haviar (‘caviar’) e yoghurt (‘iogurte’). A palavra sauna, existente em muitas línguas, provém do finlandês.

O principal desafio com que hoje em dia as sociedades europeias são confrontadas é o de continuar a manter a diversidade linguística que, sem contradição com uma notável unidade cultural, sempre desenvolveram, ao lado das línguas da imigração, actualmente tão importante. Isso significa encontrar fórmulas de comunicação supranacional que não favoreçam a hegemonia de uma língua, e também dar vida a todas as línguas do continente que, por razões económicas ou políticas, se encontrem numa situação de fraqueza que constitua uma ameaça para a sua própria sobrevivência.

Fonte: http://www10.gencat.net/casa_llengues/AppJava/pt/diversitat/diversitat/llengues_europa.jsp

Há 250 línguas ameaçadas na Europa e metade vai desaparecer em duas gerações

Mais de metade das 250 línguas minoritárias na Europa vão desaparecer no espaço de uma a duas gerações, concluíram cerca de cem investigadores, presentes no Congresso Internacional sobre Línguas Ameaçadas, que se está a realizar hoje em Minde.

«Estão identificadas 250 línguas ameaçadas em toda a Europa e, a cada duas semanas, há uma que desaparece, quando se perde o último falante», disse à agência Lusa a presidente do Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social (CIDLeS), Vera Ferreira, que organiza o congresso.

«Em todo o Mundo existem 6700 línguas e vamos perder mais de metade dessas línguas no espaço de uma a duas gerações. Identificá-las, estudá-las, preservá-las e divulgá-las é o que nos move, enquanto comunidade científica preocupada em intervir e defender a paleta da pluralidade linguística mundial», advogou.

O Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social, com sede em Minde, Alcanena, organizou o primeiro congresso dedicado a línguas ameaçadas na Europa (ELE 2013 – Endangered Languages in Europe), que reúne, desde quinta-feira, cerca de uma centena de investigadores e linguistas de todos os países europeus e dos «quatro cantos do Mundo», da Austrália ao Gana, Sri Lanka, Uganda e Nepal, para debaterem e partilharem o estado atual e o futuro das línguas ameaçadas e minoritárias.

«Foi o primeiro Congresso realizado nestes moldes em toda a Europa, e foi um sucesso, desde logo com o cruzamento da informação trabalhada a este nível, em todo o mundo, e aferir aquilo que se faz, não se faz, ou se pode fazer para preservar as línguas minoritárias», disse a linguista à agência Lusa.

«Uma das conclusões do congresso é sobre a importância premente de investir na tecnologia da linguagem e na linguística documentacional, ou seja, como tratar e desenvolver material didático e de investigação», apontou.

«É importante dar condições e meios à comunidade falante para preservar, divulgar e ensinar a língua ameaçada, desenvolvendo métodos, técnicas e tecnologias da linguagem para chegar aos jovens em ambiente escolar – no nosso caso ensinando o minderico», defendeu.

O minderico, ou Piação dos Charales do Ninhou (língua dos habitantes de Minde), está hoje sob a ameaça de extinção, apresentando uma comunidade de mil falantes passivos, 250 falantes ativos, 25 dos quais fluentes e dez não falantes, numa população total de 3293 habitantes.

«É uma língua claramente ameaçada», notou Vera Ferreira, tendo referido que o minderico está a ser alvo de alguns projetos de revitalização, através de aulas para as várias faixas etárias, formação contínua de professores, criação do primeiro dicionário bilingue acompanhado de uma versão multimédia, ou a utilização do minderico em festas, ementas, placas e preçários da vila.

Fonte: http://www.ionline.pt/artigos/mundo/ha-250-linguas-ameacadas-na-europa-metade-vai-desaparecer-duas-geracoes/pag/-1

As línguas abrem caminhos: o caso do multilinguismo europeu

Numa época de crise económica, quando as coisas não são fáceis, é importante lembrar que as línguas podem ajudar. Apesar da corrente actual de cortes e reduções orçamentais, permitam-me que defenda a importância de continuar a promover o uso de várias línguas. O regulamento da UE de 1958 que referi acima prevê que todos os documentos jurídicos da UE sejam redigidos em todas as línguas oficiais e que cada cidadão europeu possa comunicar com as instituições europeias em qualquer dessas línguas. Seria impensável que um regulamento que produz efeitos directos em Portugal não fosse traduzido em português. Todas as instituições da UE têm um serviço linguístico próprio: na Comissão, esse serviço é a Direcção-Geral da Tradução, que tenho a honra de chefiar. Entre os nossos tradutores, contam-se actualmente 65 portugueses.

À parte este ponto de vista institucional, o multilinguismo na União Europeia é também uma questão da sociedade em geral. Nessa perspectiva, significa a aprendizagem de línguas estrangeiras. A Comissão incentiva as autoridades nacionais a melhorarem o ensino das línguas e exorta os cidadãos europeus de todas as idades e condições a aprenderem línguas estrangeiras. O nosso programa de aprendizagem ao longo da vida investe anualmente cerca de 50 milhões de euros na promoção da aprendizagem de línguas.

Devemos também interrogarmo-nos sobre os sistemas de formação dos linguistas. Serão adaptados às necessidades do mercado? Produzirão um número suficiente de linguistas profissionais? A Comissão está a observar com grande interesse o que se está a fazer em termos de novos programas curriculares. A Direcção-Geral da Tradução da Comissão Europeia desenvolve desde há alguns anos o projecto EMT («European Master’s in Translation» – mestrado europeu de tradução), que atribui uma espécie de selo de qualidade aos programas universitários que propõem formações de alta qualidade em tradução ao nível de mestrado. União Europeia e definir o perfil do tradutor no dealbar do século XXI. A rede EMT conta já em Portugal com a participação do curso de mestrado em tradução e serviços linguísticos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Segundo um estudo de 2006 organizado pela Comissão Europeia, quase 11% das PME na Europa perdem concursos e contratos por causa da falta de competências linguísticas e por não estarem cientes da importância desta dimensão nos negócios1. O inglês só não chega; as empresas com uma política de multilinguismo são geralmente mais produtivas e conseguem uma maior penetração nos mercados locais. No caso das pessoas, uma das maiores vantagens da Europa é a mobilidade, que não pode existir sem competências linguísticas. Se não falamos línguas estrangeiras, não podemos ir viver, estudar ou trabalhar para outros países da UE.

Não há dúvida que, actualmente, o conhecimento de línguas é uma vantagem competitiva para as empresas europeias e facilita a obtenção de melhores empregos. As línguas já não representam apenas uma paixão pessoal ou uma satisfação intelectual; tornaram-se meios para compreender identidades, culturas e necessidades de mercado, bem como realizar objectivos pessoais, especialmente profissionais, no contexto de um mercado único e multilingue.

Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/as_liacutenguas_abrem_caminhos_o_caso_do_multilinguismo_europeu.html

Video:

As Origens da Língua Portuguesa

A evolução do português: os antepassados

A história da língua portuguesa dá conta da evolução da língua portuguesa desde a sua origem no noroeste da Península Ibérica até ao presente, como língua oficial falada em Portugal e em vários países de expressão portuguesa.

Fazendo uma viagem pelo tempo, damo-nos conta de que as origens da língua portuguesa são remotas e há que ter em conta quatro momentos distintos.

Assim, o primeiro período designa-se por pré-românico.

Os linguistas acreditam que um grande número de línguas da Europa e da Ásia provêm de uma mesma língua de origem, designada por indo-europeu (assim chamado porque os seus membros se estendem do norte da Índia até ao ocidente da Europa). Com exceção do basco, todas as línguas oficiais dos países da europa ocidental pertencem a quatro ramos dessa família: o helénico (grego), o românico (português, italiano, francês, castelhano, etc.), o germânico (inglês, alemão) e o céltico (irlandês, gaélico). Um quinto ramo, o eslavo, engloba diversas línguas atuais da Europa Oriental.

Por volta do II milénio a.C., o grande movimento migratório de leste para oeste dos povos que falavam línguas da família indo-europeia terminou. Os celtas instalaram-se na Europa Central, na região correspondente às atuais Boémia (República Checa) e Baviera (Alemanha).

Entre o II e o I milénios a.C., os celtas ocuparam mais de metade do continente europeu. No entanto, devido à pressão romana, as línguas célticas, foram empurradas até as extremidades ocidentais da Europa, subsistindo ainda em regiões da Irlanda (o irlandês é inclusive uma das línguas oficiais do país), da Grã-Bretanha e da Bretanha francesa. Extraordinariamente, nenhuma língua céltica subsistiu na Península Ibérica, onde a implantação dos celtas ocorreu em tempos muito remotos e cuja língua se manteve na Galiza até o século VII d.C.

Fonte: http://www.jn.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=3176638&dossier=Portugu%EAs%20atual&page=-1

A língua portuguesa é uma língua neolatina

A língua portuguesa é uma língua neolatina, formada da mistura de muito latim vulgar e mais a influência árabe e das tribos que viviam na região.

Sua origem está altamente conectada a outra língua (o galego), mas, o português é uma língua própria e independente. Apesar da influência dos tempos tê-la alterado, adicionando vocábulos franceses, ingleses, espanhóis, ela ainda tem sua identidade única, sem a força que tinha no seu ápice, quando era quase tão difundida como agora é o inglês.

No oeste da Península Ibérica, na Europa Ocidental, encontram-se Portugal e Espanha.
Ambos eram domínio do Império Romano a mais de 2000 anos, e estes conquistadores falavam latim, uma língua que eles impuseram aos conquistados. Mas não o latim culto usado pelas pessoas cultas de Roma e escrito pelos poetas e magistrados, mas o popular latim vulgar, falado pela população em geral. Isto aconteceu porque a população local entrou em contato com soldados e outras pessoas incultas, não magistrados.

Logicamente não podemos simplesmente desprezar a influência lingüística dos conquistados.
Estes dialetos falados na península e em outros lugares foram regionalizando a língua.
Também devemos considerar a influência árabe, que inseriu muitas termos nestes romanços até a Reconquista. Este processo formou vários dialetos, denominados cada um deles genericamente de romanço (do latim romanice, «falar à maneira dos romanos»).
Quando o Império Romano caiu no século V este processo se intensificou e vários dialetos foram se formando. No caso específico da península, foram línguas como o catalão, o castelhano e o galego-português (falado na faixa ocidental da península).

Foi este último que gerou o português e o galego (mais tarde uma língua falada apenas na região de Galiza, na Espanha). O galego-português existiu apenas durante os séculos XII, XIII e XIV, na Camões, o português uniformiza-se e adquiri as característicasatuais da língua. Em 1536 Fernão de Oliveira publicou a primeira Gramática da Linguagem Portuguesa, consolidando-a definitivamente.

Fonte: http://www.eduquenet.net/origemlingua.htm

Uma língua romántica

Derivou-se o nosso idioma, como língua romântica, do Latim vulgar. É bastante difícil conhecer a língua dos povos habitantes na península Ibérica antes dos Romanos dela se apossarem.

Os Romanos ocuparam a Península Ibérica no séc. III antes de nossa Era. Contudo, ela só é incorporada ao Império no ano 197 antes de Cristo. Tal fato não foi pacifico. Houve rebeliões contra o jugo Romano.

O Latim, língua dos conquistadores, foi paulatinamente suplantado a dos povos pré-latinos. “Os turdetanos, e mormente os ribeirinhos do Bétis, adotaram de todos os costumes romanos, e até já nem se lembram da própria língua.” (Estrabão). O Latim implantado na Península Ibérica não era o adotado por Cícero e outros escritores da época clássica (Latim clássico).

Era sim o denominado Latim Vulgar. O Latim Vulgar era de vocabulário reduzido, falado por aqueles que encaravam a vida pelo lado prático sem as preocupações de estilísticas do falar e do escrever. O Latim Clássico foi conhecido também na Península Ibérica, principalmente nas escolas. Atestam tal verdade os naturais da Península : Quintiliano e Sêneca.

Do Latim vulgar

Sabe-se que o latim era uma língua corrente de Roma. Roma, destinada pela sorte e valor de suas bases, conquista, através de seus soldados, regiões imensas. Com as conquistas vai o latim sendo levado a todos os rincões pelos soldados romanos, pelos colonos, pelos homens de negócios. As viagens favoreciam a difusão do latim.

Primeiramente o latim se expande por toda a Itália, depois pela Córsega e Sardenha, plenas províncias do oeste do domínio colonial, pela Gália, pela Espanha, pelo norte e nordeste da Récia, pelo leste da Dácia. O latim se difundiu acarretando falares diversos de conformidade com as regiões e povoados, surgindo daí as línguas românticas ou novilatinas.

Românticas porque tiveram a mesma origem: ao latim vulgar. Essas línguas são, na verdade, continuação do latim vulgar. Essas línguas românticas são: português, espanhol, catalão, provençal francês, italiano, rético, sardo e romeno.

No lado ocidental da Península Ibérica o latim sentiu certas influencias e apresenta características especiais que o distinguiam do “modus loquendi” de outras regiões onde se formavam e se desenvolviam as línguas românticas. Foi nesta região ocidental que se fixaram os suevos. Foram os povos bárbaros que invadiram a península, todos de origem germânica Sucederam-se nas invasões os vândalos, os suevos (fixaram-se no norte da península que mais tarde pertenceria a Portugal), os visigodos. Esses povos eram atrasados de cultura. Admitiram os costumes dos vencidos juntamente com a língua regional.

É normal entender a influencia desses povos bárbaros foi grande sobre o latim que aí se falava, nessa altura bastante modificado.

Formação de Portugal

No século V, vários grupos bárbaros entraram na região ibérica, destruindo a organização política e administrativa dos romanos. Entretanto é interessante notar o domínio político não corresponde a um domínio cultural, os bárbaros sofreram um processo de romanização. Neste período formaram-se uma sociedade distinta em três níveis: clero, os ricos e políticos poderosos; a nobreza, proprietários e militares; e o povo.

No século VII essa situação sofre profundas mudanças devido a invasão muçulmana, estendendo –se assim o domínio árabe variando de regiões, e tinha sua maior concentração na região sul da Península, e o norte não conquistado servia de refúgio aos cristãos e lá organizaram a luta de reconquista, que visava a retomado do território tomado pelos árabes.

No que a Reconquista progredia a estrutura de poder e a organização territorial vão ganhando novos contornos; os reino do norte da Península (Leão, Castela, Aragão) estendem suas fronteiras para o sul, o reino de Leão passa a pertencer a o Condato Portucalense.

No fim do século XI, o norte da Península era governado por o rei Afonso VI, pretendendo expulsar todos os muçulmanos, vieram cavaleiros de todas as partes para lutar contra os mouros, dentre os quais dois nobres de borgonhas: Raimundo e seu primo Henrique. Afonso VI tinha duas filhas: Urraca e Teresa. O rei promoveu o casamento de Urraca e Raimundo e lhe deu como dote o governo de Galiza; pouco depois casou Teresa com Henrique e lhe deu o governo do Condato Portucalense. D. Henrique continua a luta contra os mouros e anexando os novos territórios ao seu condato, que vai ganhado os contornos do que hoje é Portugal.

Em 1128, Afonso Henriques – filho de Henrique e Teresa- proclamou a independência do Condato Portucalense, entrando em luta com as forças do reino de Leão. Quando em 1185 morre Afonso Henriques, os muçulmanos dominavam somente o sul de Portugal. Sucede a Afonso Henriques o rei D. Sancho, que continuava a lutar contra os mouros até sua expulsão total.. Dessa forma consolida-se a primeira dinastia portuguesa: a Dinastia de Borgonhas.

Ler mais: http://tecciencia.ufba.br/aula-de-portugues-2012/aula-de-portugues-2012/a-origem-da-lingua-portuguesa

História da língua portuguesa em quadrinhos:

http://www.pixton.com/br/comic/pqfaqwor

http://www.pixton.com/br/comic/xiprem8w

http://www.pixton.com/br/comic/whc8x2iv

http://www.pixton.com/br/comic/sjvs4zjp

http://www.pixton.com/br/comic/hkr252th

http://www.pixton.com/br/comic/u3drkniz

http://www.pixton.com/br/comic/smys01ws

http://www.pixton.com/br/comic/8x6z7njj

http://www.pixton.com/br/comic/bp5p42i4

http://www.pixton.com/br/comic/emn0jb5k

Vídeo:

Dialectos e Falares em Portugal

A Língua Portuguesa

O português, oitava língua mais falada do planeta (terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano), é a língua oficial em sete países: Angola (10,3 milhões de habitantes), Brasil (151 milhões), Cabo Verde (346 mil), Guiné Bissau (1 milhão), Moçambique (15,3 milhões), Portugal (9,9 milhões) e São Tomé e Príncipe (126 mil).

O português é uma das línguas oficiais da União Européia (ex-CEE) desde 1986, quando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português será ensinado como língua estrangeira nos demais países que dele participam. Em 1994, é decidida a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que reunirá os países de língua oficial portuguesa com o propósito de uniformizar e difundir a língua portuguesa e aumentar o intercâmbio cultural entre os países membros.

Na área vasta e descontínua em que é falado, o português apresenta-se, como qualquer língua viva, internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais ou menos acentuada quanto à pronúncia, a gramática e ao vocabulário.

Tal diferenciação, entretanto, não compromete a unidade do idioma: apesar da acidentada história da sua expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a Língua Portuguesa conseguiu manter até hoje apreciável coesão entre as suas variedades.

No estudo das formas que veio a assumir a Língua Portuguesa na África, na Ásia e na Oceania, é necessário distinguir dois tipos de variedades: as crioulas e as não crioulas. As variedades crioulas resultam do contato que o sistema linguístico português estabeleceu, a partir do século XV, com sistemas linguísticos indígenas. O grau de afastamento em relação à língua mãe é hoje de tal ordem que, mais do que como dialetos, os crioulos devem ser considerados como línguas derivadas do português.

Na faixa ocidental da Península Ibérica, onde o galego-português era falado, atualmente utiliza-se o galego e o português.

Esta região apresenta um conjunto de falares que, de acordo com certas características fonéticas (principalmente a pronúncia das sibilantes: utilização ou não do mesmo fonema em rosa e em passo, diferenciação fonética ou não entre Cinco e Seis, etc.), podem ser classificados em três grandes grupos:

1. Dialetos galegos.
2. Dialetos portugueses setentrionais; e
3. Dialetos portugueses centro-meridionais.

A fronteira entre os dialetos portugueses setentrionais e centro-meridionais atravessa Portugal de noroeste a sudeste.

Merecem atenção especial algumas regiões do país que apresentam características fonéticas peculiares: a região setentrional que abrange parte do Minho e do Douro Litoral, uma extensa área da Beira-Baixa e do Alto-Alentejo, principalmente centro-meridional, e o ocidente do Algarve, também centro-meridional.

Os dialetos falados nos arquipélagos dos Açores e da Madeira representam um prolongamento dos dialetos portugueses continentais, podendo ser incluídos no grupo centro-meridional.

Constituem casos excepcionais a ilha de São Miguel e a Madeira: independentemente uma da outra, ambas se afastam do que se pode chamar a norma centro-meridional por acrescentar-lhe um certo número de traços muito peculiares (alguns dos quais são igualmente encontrados em dialetos continentais).

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-populacao-brasileira/historia-da-lingua-portuguesa.php

Xogos da língua: http://educarparacrescer.abril.com.br/100-erros/

Conceito de dialecto

A forma correcta é, de acordo com a ortografia do Português Europeu, dialecto e, de acordo com a ortografia do Português do Brasil, dialeto. O termo dialecto é utilizado para variedades que definem uma zona relativamente abrangente. Neste sentido, há vários dialectos em Portugal (continental e ilhas). Apresenta-se, de seguida, o conjunto dos mais importantes:

Grupo dos dialectos setentrionais:

– dialectos transmontanos e alto-minhotos;

– dialectos baixo-minhotos, durienses e beirões.

Grupo dos dialectos centro-meridionais:

– dialectos do Centro-Litoral (estremenho-beirões);

– dialectos do Centro-Interior (ribatejano-baixo-beirão-alentejano-algarvios).

Dialectos insulares:

– Açores: Micaelense, dialecto São Miguel;

– Madeira: madeirense.

Dialectos asturo-leoneses em território português:

– Concelho de Bragança: Rionorês, Guadramilês;

– Concelho de Miranda do Douro: Mirandês.

Cada uma destas variedades tem características linguísticas muito particulares, que os definem individualmente. Como se pode observar, o mirandês tem exactamente o mesmo estatuto que todos os outros dialectos. Os restantes conceitos que apresenta (“sotaque” e “calão”) pouco têm de científico e são, quase sempre, muito discutíveis. Porém, de uma forma geral, pode dizer-se que “sotaque” é utilizado quando nos referimos a diferentes línguas: “sotaque” espanhol, francês, italiano… Quanto ao calão é um nível de língua, usado em situações de pouca formalidade, o que nada tem que ver com dialectos.

Fonte: http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=11859

Dá-se o nome de dialecto a todo o sistema linguístico que deriva de outro mas que não apresenta uma diferenciação suficiente relativamente a outros de origem comum. Os dialectos costumam portanto ser considerados relativamente a um conjunto de vários sistemas linguísticos com um tronco comum ou que se encontram num mesmo limite geográfico. Por outro lado, o termo dialecto também diz respeito à estrutura linguística que não alcança a categoria social de língua.

Os dialectos estão associados à variedade linguística e, por conseguinte, à diversidade linguística. Apesar de ser hábito considerar o dialecto como sendo uma espécie de sistema de menor categoria ou mais simples do que uma língua, os dialectos são, na realidade, formas particulares de falar ou de escrever uma determinada língua.

Neste sentido, os dialectos podem surgir pela variedade geográfica. No caso da língua portuguesa, por exemplo, o dialecto que se fala em Portugal utiliza palavras como “hospedeira (de avião)” ou “rapariga”, ao passo que, no Brasil, esses termos não se usam ou usam-se mais raramente (são substituídos por “aeromoça” e “moça”, respectivamente).

Os especialistas falam de dialecto de prestígio para se referirem ao dialecto elegido pelas pessoas mais prestigiosas ou que pertencem às classes sociais mais altas (alta sociedade) numa comunidade de falantes/locutores em que coexistem vários dialectos.

Geralmente, têm-se em conta três critérios para considerar se dois sistemas linguísticos são dialectos ou línguas independentes: os dialectos devem ser mutuamente inteligíveis sem aprendizagem prévia, devem fazer parte de um território politicamente unificado e devem possuir um sistema ortográfico comum.

Fonte: http://conceito.de/dialecto

Linguagem Popular

A linguagem coloquial, informal ou popular é aquela linguagem que não é formal, ou seja, não segue padrões rígidos, é a linguagem popular, falada no quotidiano.

O nível popular está associado à simplicidade da utilização linguística em termos lexicais, fonéticos, sintácticos e semânticos. Esta decorrerá da espontaneidade própria do discurso oral e da natural economia linguística. É utilizado em contextos informais. Tomem-se a título exemplificativo os excertos que se seguem: «Minha santa filha do meu bô coração/ Cá arrecebi a tua pera mim muito estimada carta e nela fiquei ciante e sastifeita por saber que andavas rija e fera na cumpanhia do teu marido.» (Aquilino Ribeiro, O Homem na Nave); «- Ó Tio Luís, ó Tio Luís!…/ – Que é? / – Vossemecê não vê? (…)/ – Ouviste por ‘i berrar uma cabra?» (Camilo Castelo Branco, Maria Moisés, pp. 44-45).

A língua portuguesa possui uma relevante variedade de dialectos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão. Tais diferenças, entretanto, não prejudicam muito a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialectos.

O português europeu padrão (também conhecido como «estremenho») modificou-se mais que as outras variedades. Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o português santomense tem muitas semelhanças com o português do Brasil (também conhecido como «fluminense»), também os dialectos do sul de Portugal apresentam muitas semelhanças, especialmente o uso intensivo do gerúndio. Na Europa, o alto-minhoto e o transmontano são muito semelhantes ao galego.

Mesmo com a independência das antigas colónias africanas, o português padrão de Portugal é o padrão preferido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português apenas tem dois dialectos de aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note que, na língua portuguesa há dois dialectos preferidos em Portugal: o de Coimbra e o de Lisboa. No Brasil, o dialecto preferido é o falado e muito mais escrito pelos habitantes cultos das grandes cidades.

Fonte: http://www.cm-mirandela.pt/index.php?oid=3926

Apresentação: http://prezi.com/q1fnqvre85yl/os-dialetos/

Vídeo:

Algunhas amostras dos dialectos em Portugal

Açoriano

Alentejano

 Barranquenho

 Algarvio

Transmontano

Maria do Rosário Pedreira: O verão

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Maria do Rosário Pedreira

Maria do Rosário Pedreira nasceu em Lisboa, em 1959. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos Franceses e Ingleses, pela Universidade Clássica de Lisboa (1981). Possui ainda o curso de Língua e Cultura do Instituto Italiano de Cultura em Portugal, tendo sido bolseira do governo italiano e frequentado um curso de verão na Universidade de Perugia. Frequentou durante quatro anos o Goethe Institut, foi professora do Ensino Básico, fez algumas traduções, proferiu conferências, etc.

Trabalhou como coordenadora dos serviços editoriais da Editora Gradiva. Foi directora de publicações da Sociedade Portugal-Frankfurt 97 e editora dos catálogos dos pavilhões oficiais temáticos da Expo-98, tal como redactora das publicações inerentes aos Festivais dos 100 Dias e Mergulho no Futuro, promovidos durante a Expo-98. É editora da «Temas e Debates» (grupo Bertelsmann) desde 1998.

Como escritora, tem já publicados vários trabalhos de ficção, poesia, ensaio, crónicas e literatura juvenil, procurando neste último género a transmissão de valores humanos e culturais. O seu romance Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu estáconstruído em torno de uma identidade perdida, onde solidão e feminino são as peças fundamentais. Também o seu livro de poesia A Casa e o Cheiro dos Livros institui a casa como o lugar feminino que acumula esperas, o cheiro dos livros, os restos do amor, os gatos que aí se resguardam da chuva. Para a Autora – já distinguida com alguns prémios literários – , a casa pode ser considerada como um mundo onde se encerra tudo aquilo que vai perdurando, mesmo que sob a forma da memória, nostalgicamente.

Fonte: http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/poesia/mr_pedreira.htm

Maria do Rosário Pedreira: “Vivemos tempos sem empatia, pela falta de leitura e excesso de digitalização, o que nos torna menos humanos”

É uma das mais notáveis editoras portuguesas, responsável pelas publicações do grupo Leya. Foi Maria do Rosário Pedreira que descobriu e publicou autores agora consagrados como José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, João Tordo ou Nuno Camarneiro. Há mais de vinte anos que se dedica a tirar manuscritos das gavetas, ajudando a dar a conhecer o talento literário nacional. Ou como gosta de dizer anda “à procura de agulhas no palheiro”. Por isso chamam-na de “caça-talentos” e há quem a considere uma espécie de José Mourinho da literatura. Não acredita na morte do livro, mas afirma-se desesperançada com as novas gerações. “Aquilo que mais me aparece são livros que parecem guiões escritos por uma geração influenciada pelas novelas más”. Do seu ponto de vista, as séries de ficção vieram substituir a literatura porque é mais fácil ir atrás de uma coisa que não faz pensar. “O confinamento não aumentou leitores. As pessoas quiseram alienar-se com séries.” Leitora experimentada e poetisa premiada, além de letrista e escritora, assume escrever mais quando está triste e que os poemas já a salvaram da solidão e até de uma grande depressão.

Imagino-a soterrada entre pilhas de manuscritos e projetos literários, em busca de uma pérola no meio do palheiro. Mas as tais pérolas estão em crise no palheiro literário? O que faz de alguém um bom escritor ou uma boa escritora? É cada vez mais difícil encontrar novos talentos da literatura com menos de 35 anos? Os escritores precisam sempre da mão de um editor para publicarem melhores obras? Foram estas as primeiras perguntas colocadas à editora, escritora, poetisa e letrista portuguesa, Maria do Rosário Pedreira. As suas respostas, mais do que lidas, devem ser ouvidas. Mas ficam algumas notas acerca do seu olhar sobre a literatura e os tempos que vivemos, em que os livros são cada vez mais objetos para uma elite e os bons escritores das novas gerações são, como disse Agustina, “aberrações” que se destacam da menoridade. “Quando estamos a ler um bom livro estamos a ver acontecer. E quando estamos a ler um mau livro estão a dizer-nos o que aconteceu. E estou farta de originais destes.”

É com alguma desesperança que Maria do Rosário Pereira fala sobre o estado das coisas e toma o pulso dos tempos e das modas. “Não acredito na morte do livro, mas estamos a perder os leitores que ganhámos nos anos 70 e 80 para as séries de televisão”. Sobre os manuscritos que lhe chegam às mãos, confirma que é cada vez mais raro encontrar novos talentos literários abaixo dos 35 anos. Aponta como razões a maior imaturidade, a pouca leitura e a cultura da digitalização e da televisão. “Aquilo que agora me aparece mais são os livros que parecem guiões de televisão apenas com diálogos, ou muito literais e descritivos, escritos por uma geração influenciada pelas novelas más.” E ainda afirma: “A ficção tem de ser ainda mais verosímil do que a realidade. Temos de acreditar no que lemos. E tantas vezes não acredito nos escritos que me entregam, apesar de me dizerem que aquela situação aconteceu na vida real.”

Sobre a arte da escrita literária, que não está ao alcance de todos, deixa uma ideia curiosa. “O escritor utiliza o material que todos usamos para pedir um café ou mandar uma pessoa àquela parte, mas consegue fazer parecer que nunca ouvimos aquilo.”

Quanto ao ano que aí vem, acerca do qual o mundo coloca todas as esperanças e desejos para finalmente sair da pandemia, da crise e retomar alguma normalidade, não tem ilusões: “2021 foi um ano em que muitos perderam o emprego e não vai ser já que o vão recuperar. E, portanto, vem mais um ano de más notícias. No futuro nada será igual. Se o mundo não ficou igual depois do 11 de setembro, também não ficará igual depois da pandemia. Mas que nos possamos abraçar.”

Fonte: https://expresso.pt/podcasts/a-beleza-das-pequenas-coisas/2020-12-11-Maria-do-Rosario-Pedreira-Vivemos-tempos-sem-empatia-pela-falta-de-leitura-e-excesso-de-digitalizacao-o-que-nos-torna-menos-humanos

Videos:

Maria do Rosário Pedreira – O verão deixa-me os olhos mais lentos sobre os livros

O verão deixa-me os olhos mais lentos sobre os livros.
As tardes vão-se repetindo no terraço, onde as palavras
são pequenos lugares de memória. Estou divorciada dos
outros pelo tempo destas entrelinhas – longe de casa,
tenho sonhos que não conto a ninguém, viro devagar

a primeira página: em fevereiro, eles ainda faziam amor
à sexta-feira. De manhã, ela torrava pão e espremia
laranjas numa cozinha fria. Havia mais toalhas para lavar
ao domingo, cabelos curtos colados teimosamente ao espelho.
Às vezes, chovia e ambos liam o jornal, dentro do carro,
antes de se despedirem. As vezes, repartiam sofregamente
a infância, postais antigos, o silêncio – nada

aconteceu entretanto. Regresso, pois, à primeira linha,
à verdade que remexe entre as minhas mãos. Talvez os olhos
estivessem apenas desatentos sobre o livro; talvez as histórias
se repitam mesmo, como as tardes passadas no terraço, longe
de casa. Aqui tenho sonhos que não conto a ninguém.

Fonte: http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/maria_rosario_pedreira/poetas_mariarosariopedreira_overao01.htm

Maria do Rosário Pedreira – Do verão

Do verão, diria uma planície lenta, quase amarela: o trigo

a enrolar-se nos pés, o oiro do sol, os cabelos

mais loiros. Um vento quente e ondulante sibilando

nas frestas de um celeiro. O fumo sonolento do calor

tornando informe o fio do horizonte. Do verão

diria também um tempo espesso onde todos

os acasos são sofríveis: duas papoilas, vermelho-sangue,

agitam a paisagem. Tu chegas e a minha pele chama-te

sete nomes em surdina. É a luz da tarde que faz o fulgor

dos fenos e aquece a roupa que abandonou o corpo

sem perguntas. As mãos podem então dar-se

todos os recados. E amanhã ninguém sabe. Fica

apenas um punhado de espigas quebradas sobre a planície

lenta; amarela, digo: as papoilas, entretanto, voaram.

Fonte: http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/poesia/mr_pedreira/mrp11.htm

Maria do Rosário Pedreira – Nesse verão

Nesse verão, o vento despenteou os campos e os barcos

andaram aos gritos sobre as ondas. A beleza excessiva

das crianças arrombou os espelhos; e as raparigas,

surpreendendo a intimidade dos pais, enlouqueceram

nos corredores e foram perder-se, também elas,

na volúpia dos dias. Nas árvores centenárias,

rebentaram frutos que inflamavam a concha das mãos

e escorregavam para  boca com a pressa dos nomes

proibidos. O sol queimou as páginas do livro

interrompido na violência de um poema e revirou

os cantos do único retrato que resistira à moldura

do tempo. De noite, os rapazes deitam-se à baías

atrás de estrelas; e os amantes, incomodados

com a exiguidade dos quartos, foram fazer amor

nos balneários frios da praia e acordaram nas vozes

um do outro. Já não sei o que disse e o que disseste:

o verão desarrumo os sentimentos.

Fonte: http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/poesia/mr_pedreira.htm

Verão, 1981: Cançao do verão

roupanovaRoupa Nova

Os integrantes do Roupa Nova começaram a carreira no final dos anos 1960, em conjuntos de baile do subúrbio carioca. Na década seguinte se aglutinaram na banda Famks, com a qual registraram diversos compactos, dois LPs e álbuns com sucessos do momento. Em 1979, o produtor Mariozinho Rocha, então na gravadora Polygram, precisava de um grupo no estilo de A Cor do Som e 14 Bis para seu elenco. Foi ele quem batizou o grupo, inspirado na música de Milton Nascimento e Fernando Brant.

Mas foi graças a um impulso agressivo de um dos integrantes que o Roupa Nova passou a existir definitivamente… O grupo chegou aos anos 1980 dividido entre o dinheiro garantido como Famks e a possibilidade de uma carreira com nova denominação. Após um baile no interior de Minas sob o antigo nome, vendo os colegas comendo churrasco com farofa e batata frita de lanche, o guitarrista Kiko ficou paralisado e reagiu, chutando o tabuleiro com a comida. «É isso que vocês querem? Porque não é isso que eu quero», disse. Foi – literalmente – o pontapé que faltava para convencer os outros músicos.

A partir de 1984, com a ida para a RCA, o grupo chega ao seu auge comercial. O primeiro disco na gravadora teve total interferência do produtor Miguel Plopschi. «Tudo de Novo» mostra que os integrantes ficaram divididos entre entregar o álbum nas mãos de Plopschi, que queria torná-los mais pop e comerciais, ou manter a linha dos álbuns anteriores, com repertório fornecido por compositores alinhados com a MPB. A partir daí, o grupo emplaca hits como «Whisky A Go Go» e permanece nas paradas de sucesso até o início dos anos 1990, quando o sertanejo e o pagode passaram a reinar absolutos.

O renascer da banda acontece nos anos 2000, após o projeto «Roupacústico», bancado pela própria banda. A ideia inicial era de que o Roupa Nova gravasse um Acústico MTV. Mas a emissora negou a proposta, alegando que a banda não atingia seu público-alvo. «Eles sofreram muito preconceito desde o início, porque têm diversas influências e não se encaixam em nenhum estilo. Foi o talento deles e a vontade de fazer música, além do contato com o público, que os fez permanecer na ativa.»

Fonte: http://divirta-se.uai.com.br/app/noticia/musica/2013/12/25/noticia_musica,149857/livro-recupera-trajetoria-do-grupo-roupa-nova.shtml

Videos:

Letra: Roupa Nova – Cançao do verão

É como um sol de verão
Queimando no peito
Nasce um novo desejo
Em meu coração
É uma nova canção
Rolando no vento
Sinto a magia do amor
Na palma da mão
É verão!
Bom sinal!
Já é tempo
De abrir o coração
E sonhar…

As crianças portuguesas e as línguas estrangeiras

criançasPortugal é dos países da União Europeia onde se aprende mais cedo uma língua estrangeira. Uma tendência que se verifica em toda a Europa, onde, na maior parte dos países se diminuiu a idade mínima obrigatória para aprender uma língua.

Em Portugal, o ensino do Inglês começa logo no 1.º ciclo, a partir dos seis anos. O mesmo acontece em Espanha, Itália, Luxemburgo, Noruega ou na Croácia. Em Malta, o ensino de uma língua estrangeira começa aos cinco anos. A idade limite para começar a aprender um novo idioma são os nove anos. A excepção é a comunidade germanófona da Bélgica onde aos três anos, as crianças começam a aprender uma segunda língua, o Francês e, aos 13 anos, é introduzida uma terceira língua.

Segundo o relatório Dados-chave sobre o ensino de línguas nas escolas europeias – 2012, Portugal está entre os países onde se começa a aprender mais cedo. A segunda língua é introduzida aos 12 anos. Tradicionalmente é o Francês o segundo idioma escolhido mas tem-se verificado um aumento dos alunos que, no 7.º ano, escolhem o Espanhol.

No entanto, ao contrário do que se verifica em muitos países, em Portugal entre 2005 e 2010 diminuiu a percentagem dos que aprendem línguas. No 3.º ciclo, em 2005 98,3% dos alunos portugueses aprendiam Inglês, mas cinco anos depois eram 74,6%. O Francês também caiu de 88,1 para 52,8% no 3.º ciclo e 22,3% para 6,4% no secundário.

O relatório revela que em 2009/2010, 60,8% dos estudantes do 3.º ciclo do ensino básico encontravam-se a aprender duas ou mais línguas estrangeiras – um aumento de 14,1% em relação a 2004/2005.

O Inglês é a língua estrangeira mais ensinada em quase todos os 32 países abrangidos pelo inquérito (os 27 estados, a que se juntam a Croácia, a Islândia, o Liechtenstein, a Noruega e a Turquia) – uma tendência que tem aumentado significativamente desde 2004/2005. Segue-se o Francês e o Alemão.

Portugal faz parte de uma lista de países em que em casa se fala um único idioma, apenas 2% dos alunos de 15 anos respondem que se expressam noutra língua fora da escola. Uma percentagem que não fica longe da média europeia: 2,7%. No entanto, há 6,9% de alunos que frequentam escolas onde existe entre 20 e 50% de alunos que falam outra língua em casa. O Luxembrugo e a Bélgica são dois desses países onde há maior diversidade linguística. No caso do Luxemburgo, 14,7% dos alunos de 15 anos inquiridos afirmam que falam Português em casa, enquanto na escola aprendem Francês ou Alemão.

Fonte: http://www.publico.pt/educacao/noticia/criancas-portuguesas-sao-das-que-aprendem-mais-cedo-uma-lingua-estrangeira-1563862

A importância de aprender línguas estrangeiras desde cedo

Nos dias de hoje é essencial que qualquer um domine as línguas estrangeiras para que consiga ter uma carreira de sucesso. Não podemos negar o facto de que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e um dos fatores diferenciadores entre candidaturas pode, muitas vezes, ser o domínio das línguas.

Por isso mesmo, esta aprendizagem deve começar desde cedo. Está cientificamente provado que no período entre os dois e quatro anos de idade o cérebro das crianças está especialmente capacitado para a aprendizagem de mais do que uma linguagem.

Ainda que pareça estranho para muitos profissionais de educação e até mesmo para alguns pais a introdução de uma língua estrangeira/segunda língua em idades em que as crianças ainda nem verbalizam a primeira, a verdade é que para o cérebro este acaba por ser mais um estímulo entre muitos outros.

POR QUE MOTIVO É IMPORTANTE APRENDER LÍNGUAS ESTRANGEIRAS DESDE TENRA IDADE

Continua ainda a existir um debate sobre a introdução de línguas estrangeiras (sejam elas quais forem), nos primeiros anos de vida de uma criança. Apesar de já haver alguma concordância em relação a este tema, ainda é uma matéria um pouco controversa.

 

Mas, afinal, por que motivo é importante aprender línguas estrangeiras desde cedo? Existe um momento crítico, durante o desenvolvimento do cérebro da criança, em que a influência exterior sobre as habilidades cognitivas é elevado.

Logo, a imersão de crianças num ambiente bilíngue, antes dos quatro anos de idade, mune-as com capacidade para serem fluentes em mais do que um idioma.

Existem já vários estudos que demonstram a importância do ensino precoce de uma segunda língua como estímulo das conexões cerebrais. Na verdade, até aos 4 anos de idade, o cérebro pode mesmo ser comparado a uma espécie de esponja, que absorve toda a informação que é transmitida.

E é justamente por causa disto que as crianças até aos 2 anos de idade começam a verbalizar, a andar, a apreciar os alimentos e até mesmo a definirem a sua personalidade.

Evidentemente que não se espera que uma criança seja capaz de dominar uma língua estrangeira por completo numa idade tão precoce. No entanto, até aos quatro anos, podem ser lançadas as bases para uma aprendizagem mais sólida das línguas estrangeiras no futuro.

ALGUMAS VANTAGENS ASSOCIADAS

A aprendizagem de línguas estrangeiras é extremamente benéfica para o desenvolvimento das crianças e é um investimento no futuro.

Crianças que estão expostas a diferentes línguas tornam-se mais conscientes de diferentes culturas, outras pessoas e outros pontos de vista.

Ora, este enriquecimento cultural vai-lhes ser muito útil para o seu desenvolvimento. Aliás, está provado que a aprendizagem de línguas estrangeiras melhora a atenção. Para além disso, aumenta a capacidade para realizar múltiplas tarefas em simultâneo e trabalha a capacidade de memorização.

Como se pode verificar, as vantagens são evidentes. As crianças começam a reconhecer os sons e a gramática, conseguem adquirir uma pronúncia quase nativa e, claro, não necessitam de recorrer a esquemas mentais de associação nem ao tradutor.

Além disso, é também importante ter em consideração o facto de que estas se tornam muito mais independentes linguisticamente do que as crianças que não tenham qualquer tipo de contacto com outras línguas para além da nativa.

Estas tornam-se capazes de interagir de um modo muito fácil com outras pessoas e até possíveis colegas de origem estrangeira. Desta forma, nunca sentirão que a língua estrangeira é uma barreira para elas.

QUAIS SÃO AS MELHORES LÍNGUAS PARA AS CRIANÇAS APRENDEREM?

Já teve oportunidade para refletir sobre este assunto? Já pensou que este pode mesmo ser o melhor investimento que pode fazer nos seus filhos?

Através da aprendizagem de uma língua estrangeira (ou até mais do que uma), as oportunidades futuras aumentam, assim como a capacidade de comunicação melhora também.

No entanto, se não sabe muito bem quais são as melhores línguas para as suas crianças aprenderem, deixamos-lhe uma sugestão tendo em consideração o mercado atual.

Se a língua materna da sua criança é a portuguesa, saiba que esta já leva consigo uma grande vantagem competitiva, uma vez que o português é uma das línguas mais faladas no mundo.

Acrescente-lhe o inglês, que é praticamente obrigatório em qualquer contexto profissional atual, o francês ou o alemão, e o seu filho conseguirá ingressar no mercado de trabalho europeu com facilidade.

Se o objetivo for sair da Europa, então o espanhol será também uma boa opção para o mercado da América Latina.

O mandarim não fica de fora . Provavelmente já deve ter ouvido falar sobre a importância da China para o mundo atual. A verdade é que a procura por profissionais que saibam falar a língua oficial deste país, tem vindo a aumentar.

São cada vez mais as empresas chinesas que procuram profissionais estrangeiros altamente capacitados para atuarem nas suas empresas, a nível mundial.

Fonte: https://www.e-konomista.pt/que-linguas-estrangeiras-devem-as-criancas-aprender/#

«AS LÍNGUAS SÃO A PONTE ENTRE AS CRIANÇAS E O MUNDO»

O multilinguismo, é regra geral, algo de positivo para as crianças, afirma a professora Ingelore Ooemen-Welke. Há, contudo, que respeitar determinadas premissas. 

Professora Oomen-Welke, a senhora dedica-se há décadas ao estudo do multilinguismo das crianças. Porque lhe é este tema tão caro?

As línguas são o nosso meio de comunicação. Na Alemanha, temos, por um lado, a língua oficial alemã e, por outro, existem – e sempre existiram – várias outras línguas e dialetos. Alguns inquéritos realizados a crianças revelam que o multilinguismo tem hoje uma presença muito forte no universo de expressão alemã. Em Viena, por exemplo, 50% das crianças inquiridas responderam que utilizam mais de uma língua no seu dia-a-dia. Em Hamburgo, Essen e Freiburg os números situam-se entre os 35 e os 40%. Em muitos outros países do mundo, o multilinguismo é a regra, não a exceção. São os pais, os educadores e os professores que, muitas vezes, ajudam as crianças a construir e a solidificar as suas línguas. E isso será uma importante mais-valia para a sua vida pessoal e profissional.

A CRIANÇA PODE ADAPTAR-SE À NOVA LÍNGUA

Como é que as crianças inquiridas viveram e reagiram ao seu multilinguismo?

Os nossos inquéritos revelaram que as crianças bilingues ou multilingues que, desde que nascem, ouvem e falam mais do que uma língua, têm, a princípio, uma atitude perfeitamente natural em relação ao seu multilinguismo, contanto que vivam num contexto em que esse multilinguismo seja, de facto, uma realidade. Se uma criança, vivendo na Alemanha, cresce no seio de uma família em que se fala uma língua estrangeira e só entra em contacto com a língua alemã ao ingressar no jardim de infância, ela pode sofrer certos constrangimentos e necessitar de um acompanhamento gradual na aprendizagem do alemão. Por vezes sucede que as crianças de tenra idade se recusam a falar, nos primeiros tempos, quer na sua língua materna, quer na língua alemã. Mas não tardam a responder em alemão, se a educadora as cumprimenta dizendo, por exemplo, “Bom dia, Aisha”. Se os professores e as outras crianças insistirem em falar com elas, estas crianças não tardarão a adaptar-se à nova língua. É isto o que elas próprias nos relatam. Uma contou: “Desde pequeno que só falava bósnio. Não percebia nada de alemão, mas todos falavam imenso comigo e eu comecei a aprender três ou cinco palavras novas por dia”. É importante que o alemão não se sobreponha ao primeiro idioma das crianças e que elas tenham, ao mesmo tempo, a possibilidade de aperfeiçoar a sua língua materna, contando com o apoio necessário.

E, no entanto, algumas crianças bilingues em idade escolar ou pré-escolar recusam-se a falar na sua primeira língua.

É verdade. Sabe, é que as crianças têm tendência a adaptar-se a maioria das vezes, por exemplo, aos seus pares. Querem pertencer a um grupo, não querem ser diferentes dos outros. Por vezes, estão em conflito, pois não sabem se devem ou não “mostrar” aos outros a sua língua de origem. Algumas até tentam “ocultar” a sua língua e pedem, por exemplo, à mãe: “Por favor, fala alemão quando não estamos sozinhos”. Se as crianças se apercebem de que a sua língua não é bem vista no jardim-de-infância ou na escola, podem começar a viver em conflito. Falamos, nesse caso, de bilinguismo conflituoso. Por outro lado, muitas crianças ficam bastante orgulhosas se os amigos ou os adultos as felicitam por serem capazes de falar mais do que um língua ou até de traduzir de um idioma para outro. Isto destaca-as das outras crianças. Muitos jovens e adultos, olhando em retrospetiva, sublinham que se sentiram reconhecidos e apreciados pelo seu bilinguismo. Infelizmente, há também quem tenha feito experiências negativas.

PERCEÇÃO POSITIVA DO MULTILINGUISMO

Nota-se entretanto alguma mudança na sociedade, no que diz respeito à forma como o multilinguismo é visto e avaliado?

Sim, mas não é um processo linear. Para uma perceção positiva do multilinguismo contribuíram imenso as escolas, com o ensino das línguas estrangeiras, e alguns grupos sociais, com apoio governamental, que oferecem programas supranacionais. O Conselho da Europa e a União Europeia declararam também o multilinguismo como sua missão, oferecendo programas de intercâmbio para estagiários, estudantes universitários e trabalhadores no ativo – e não nos podemos esquecer dos inúmeros casamentos e famílias interculturais. Muitas pessoas têm contacto com línguas e falantes estrangeiros e formam opiniões muito positivas a seu respeito. No entanto, há também quem tenha feito experiências menos positivas, o que pode levar a falsas generalizações e a alguma rejeição do que não nos é familiar.

Que ajuda podem os adultos oferecer às crianças bilingues?

O mais importante é que os adultos, na sua interação com as crianças – no dia-a-dia em casa, no jardim-de-infância – façam acompanhar as suas ações de uma forte componente linguística. Por exemplo, ao mesmo tempo que cortam uma maçã, irem dizendo: “Olha para o que tenho na mão: uma maçã, uma faca e um prato. Corto a maçã ao meio, fico com duas metades…” Isto tanto se aplica ao alemão como língua materna ou como segunda língua. Pouco a pouco, as crianças vão repetindo as nossas palavras. Quando começamos a aprender uma língua, utilizamos muitas vezes a mímica, pequenas canções, rimas e ladainhas, acompanhadas de movimentos repetidos do corpo. As crianças observam, imitam e aprendem palavras e expressões através da repetição. Pela participação e imitação as crianças sentem-se aceites e integradas. As línguas tornam-se, assim, primeiro no jardim-de-infância e mais tarde na escola, a ponte entre a criança e o mundo. É um processo que requer prudência e a combinação da palavra com o gesto, de modo a que as crianças tirem o máximo proveito. 

Fonte: https://www.goethe.de/ins/pt/pt/kul/mag/20807659.html

A importância da aprendizagem de uma língua estrangeira na infância

Muito se tem debatido a pertinência da introdução de uma nova língua desde os primeiros meses de vida e, apesar de alguma concordância, este continua a ser um tema controverso.

Vários estudos demonstram a importância do ensino precoce de uma segunda língua como estímulo das conexões cerebrais. Com efeito, desde o seu nascimento e até aos três anos de idade, o cérebro humano pode ser comparado com uma esponja, absorvendo toda e qualquer informação que é transmitida. Por isso é tão natural nestes primeiros dois anos as crianças começarem a verbalizar, andar, apreciar alimentos ou até definir a sua personalidade. Naturalmente que cada criança tem o seu ritmo, mas é consensual a rapidez e facilidade de evolução dos bebés.

Com a introdução de uma segunda língua passa-se exatamente o mesmo do que com a língua materna. Através da audição repetida e do reforço positivo, desde que estimuladas corretamente, os bebés familiarizam-se com a nova língua e ao começarem a verbalizar, fazem-nos em ambas as fonéticas. As vantagens são inegáveis, reconhecem os sons e gramática, adquirem uma pronúncia quase nativa e não necessitam de recorrer a traduções nem esquemas mentais de associação. Na maioria dos casos, até se atinge o bilinguismo antes da entrada para a escola primária.

Deparamo-nos com várias objeções sobre esta temática. Para alguns Pais e Profissionais de Educação é estranho que se introduza uma segunda língua em idades em que as crianças ainda nem verbalizam uma primeira. No entanto, para o cérebro é apenas mais um estímulo entre tantos outros a que os bebés estão sujeitos diariamente. Nunca uma criança deixou de falar ou compreender a língua materna por aprender uma segunda ou até uma terceira língua. Automaticamente, vão reconhecendo os diferentes sons e fazendo as suas próprias associações.

Na minha opinião, é o melhor investimento que podemos fazer nos nossos filhos. A oferta de oportunidades futuras, de comunicação e de mundo.

Fonte: https://lifestyle.sapo.pt/familia/crianca/artigos/a-importancia-da-aprendizagem-de-uma-lingua-estrangeira-na-infancia

JEAN ESTÁ A APRENDER PORTUGUÊS E HÁ CADA VEZ MAIS ESTRANGEIROS A FAZER O MESMO

Há uns meses que a francesa Laure Proust andava incomodada com o muro que havia nas traseiras da sua casa, em Bettembourg. Achava-o feio e inseguro, não gostava nada que ele dividisse o quintal a meio. O que ela queria mesmo era mandá-lo abaixo, mas achava que os vizinhos do lado, uma família cabo-verdiana, se ofenderiam. Tinha esta ideia de que haviam sido eles a levantar aquele paredão.

Um dia o seu filho Jean, na altura com seis anos, entrou na cozinha esbaforido e disse: “Mamã, os nossos vizinhos do lado também não gostam do muro. Eles só não dizem nada porque acham que tu é que o queres no quintal.” Como é que o rapaz podia saber aquilo? “Ouvi-os a conversar, mamã, foi o que eles disseram.”

No ano anterior o rapaz tinha começado a ter aulas de português numa escola no bairro de Clausen, na capital. “Foi ele que nos pediu para aprender a língua”, conta agora a mãe. “No nosso bairro viviam muitas famílias portuguesas e cabo-verdianas – e ele queria perceber o que as outras crianças diziam quando jogavam juntos à bola.”Os Proust, da qual o pequeno Jean faz parte, impulsionaram o ensino do português para crianças em idade pré-escolar no Luxemburgo.

Não havia no Luxemburgo aulas de português para estrangeiros para crianças em idade pré-escolar, por isso Laure Proust decidiu pedir ao Instituto Camões que as abrissem. “Começámos em 2017/18 a lecionar Português Língua Estrangeira em várias escolas do país, e para todos os níveis de ensino. Daí para cá, os números de inscrições não param de aumentar”, diz Joaquim Prazeres, cordenador do ensino da língua portuguesa no Grão-Ducado.

Se no primeiro ano não eram mais de uma vintena de alunos, no segundo o número subiu para 53 e, este ano, para 84 – um aumento de 37%. “Mas aqui estamos só a contar as incrições lecionadas nos acordos que o Instituto Camões estabelece com as escolas luxemburguesas”, explica Joaquim Prazeres. “Se contarmos com os cursos dados pelas comunas, com os alunos de literatura e cultura portuguesa da Universidade do Luxemburgo e com os centros de línguas do país, podemos seguramente falar em largas centenas de pessoas que estão hoje a aprender português como língua não-materna no Grão-Ducado.”

O mercado lusófono não está aproveitado. As empresas precisam de quem fale a língua. 

Vem gente de todas as idades. “Estes miúdos mais pequenos têm normalmente amigos portugueses e querem saber a língua dos amigos”, diz Emília Fraga Rodrigues, professora na escola de Brill, em Esch-sur-Alzette, para onde Jean Proust agora se mudou. “O ano passado eram dois alunos, agora são seis. E é curioso como eles são extremamente motivados.”

Para os mais novos de todos, os do pré-escolar, Emília tenta que ensinar jogando. Inventou um bingo para saberem dizer o nome das peças de vestuário, usa a música para que vão ganhando noções, “e no outro dia a mãe do Jean comentou comigo que ele já sabia cantar o hino português, mas não o francês.” Sente que as crianças estão a contagiar-se umas às outras e acredita que as inscrições vão crescer exponencialmente. Os sinais parecem dar-lhe razão. Se no ano passado havia seis escolas no Luxemburgo com aulas de português para estrangeiros – três na capital e três em Esch-sur-Alzette –, este ano somam-se aulas em duas escolas de Diekirch, uma em Soleuvre e outra em Vianden. A quarta língua mais falada do planeta está a ganhar adeptos na Europa Central.

Cartas de motivação

O relógio marca 19h de quinta-feira quando Aga Walczak, uma polaca de 36 anos, chega ao Lycée Athénée, na capital luxemburguesa. É aqui que Anabela Albino leciona português como língua estrangeira a um grupo de adultos. Na turma há franceses, italianos, espanhóis, lituanos e, a partir de agora, uma polaca. É o primeiro dia de Aga.

“Oh, eu quis vir estudar a língua porque o meu marido é português”, explica. Apaixonou-se primeiro pelo marido, depois pela gastronomia, agora pelos sons e vocábulos que lhe são estranhos mas, diz ela, “tão melodiosos”. A lituana Vitória Sableviclute, 46, também tem marido lisboeta, mas não é por isso que está nas aulas. “Sou tradutora no Tribunal de Contas Europeu, e o português é uma língua da União.”

Há Graziela de Barba, uma italiana de 65 anos. Foi professora toda a vida, está a planear muitas viagens a Portugal na reforma e por isso quer aprender a língua. E depois há duas espanholas, Marina Nunez e Carla Navarro. A primeira tem 31 anos, veio para o Luxemburgo há sete e trabalha no departamento de crédito de uma consultora. “Há muitas empresas multinacionais que abrem departamentos ibéricos, ou têm um departamento para Portugal, Espanha e América Latina. Ora, o espanhol já eu domino, mas se souber português tenho muito mais probabilidades de conseguir um emprego melhor.”

Carla, 26, trabalha num fundo de investimento. “Especializei-me na área de microfinanciamento em países em desenvolvimento.” Ou seja, atribui pequenos créditos a empreendedores de países pobres, que lhes permitem criar negócios viáveis e resolver a vida. Uma das regiões que mais precisa de apoio, acredita ela, é o continente africano. “Mas muitas empresas não chegam aos países lusófonos por falta de domínio da língua. Há todo um nicho que não está a ser aproveitado.”

A aula começa. Anabela Albino, que veio este ano dar aulas para o Grão-Ducado, distribui cópias do jornal Contacto – a imprensa é uma boa forma de puxar pelas aptidões de conversação. “Tanto quanto sei, o ano passado só tínhamos uma aluna, este ano temos oito”, diz a professora. “Permito-me considerar que fizeram uma escolha feliz. O português é a língua oficial dos nove estados da CPLP, é a quarta língua mais falada do mundo, com mais de 261 millhões de falantes repartidos por todos os continentes. É uma das línguas de trabalho de 32 organizações internacionais e a quinta língua mais utilizada na Internet.”

O português, diz, abre horizontes e portas. E também ajuda a derrubar muros, como um miúdo de sete anos chamado Jean bem provou.

Em 2006 havia 4.898 alunos lusófonos a estudar português nas escolas luxemburguesas. Em 2017, o número tinha caído para 2.804 e, desde então, houve uma ligeira melhoria – hoje há 3.081 alunos. “Estancámos a hemorragia, mas a mentalidade tem de mudar”, diz o diretor do ensino português do Luxemburgo, Joaquim Prazeres. “Aprender português de casa não basta, é preciso ir à escola. Estamos a falar de uma das línguas de maior projeção global. Saber português é uma enorme vantagem e quem o fala tem de perceber isso.”

O sangria de alunos deve-se sobretudo ao facto de, em 2006, o Luxemburgo ter limitado o ensino integrado de português nas suas escolas. Ao mesmo tempo que França introduzia o português no currículo geral de línguas estrangeiras (ao lado do inglês, do espanhol, do italiano e do alemão), no Grão-Ducado saiu do horário escolar. Lisboa não gostou: Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português, dizia em 2017 ao Contacto que o ensino da língua constituía “um problema diplomático sério nas relações bilaterais entre os dois Estados.”

Nesse ano tentou-se atenuar o diferendo com a introdução de um sistema complementar de ensino. Passou a haver educadoras portuguesas no pré-escolar e as escolas básicas e secundárias podem agora dar aulas de português, mas apenas em regime extracurricular. Em muitos casos, as escolas só aderem porque há grupos de pais que se mobilizam e exigem o ensino da língua. “O que temos verificado é que nas escolas luxemburguesas há um discurso desmotivador da aprendizagem do português”, diz Joaquim Prazeres. “Muitos professores aconselham os alunos e os pais a reforçarem o luxemburguês para uma boa integração no país. Mas vários estudos apontam que a capacidade de compreensão das matérias aumenta quando se domina a língua nativa. Mesmo que tudo o resto seja oferecido em luxemburguês, um aluno que constrói o raciocínio em português, sua língua de casa, vai conseguir elaborar melhor o pensamento.”

Foi nesta nova vaga de ensino complementar que apareceram as aulas de português como língua estrangeira. Na escola de Brill, em Esch-sur-Alzette, o curso abriu para alunos mais novos porque uma família francesa, os Proust  mobilizou outras a exigirem a oferta de português na escola. Os estrangeiros que querem aprender português são o grupo que mais cresce. E era essa exigência forasteira de pedir ensino às escolas que Joaquim Prazeres gostava de ver na comunidade portuguesa.

Prazeres tem consciência que a culpa não é toda luxemburguesa. “Nestes mesmos anos houve uma crise económica terrível em Portugal e um período de austeridade que reduziu seriamente a autoestima das pessoas em relação ao seu país”, admite. “Começou a pensar-se que o português de casa, de conversa, era suficiente. E não é.” É como se um mau português acabasse por servir de descrédito, em vez de mais-valia. E num país que acolhe a sede de algumas das maiores multinacionais do globo, talvez não seja de deitar fora a vantagem da língua que disputa com o árabe e o hindi a quarta posição das mais faladas no planeta – atrás apenas do chinês, do inglês e do espanhol.

Fonte: https://torredebabel.com.br/site/jean-esta-a-aprender-portugues-e-ha-cada-vez-mais-estrangeiros-a-fazer-o-mesmo/

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Lisboa não é a cidade perfeita, mas…

eléctricosO turismo em Lisboa

Primeiro foi a Expo 98, que fez disparar o número de turistas em Lisboa. Depois veio o 11 de setembro de 2001, que desencorajou muitos turistas a viajar. Três anos depois, jogou-se o Euro 2004 em Portugal e os números recuperaram o balanço. Hoje há música, festivais, cruzeiros, bom tempo e boa comida. Motivos que levaram a Lisboa mais de 37 milhões de turistas nos últimos dez anos e que fizeram mais do que duplicar os números de dormidas no Porto. A “moda” de Lisboa e Porto já pegou. O objetivo agora é não a deixar passar.

“Não foi de repente”, disse à Agência Lusa o diretor-geral do Turismo de Lisboa, Vítor Costa, considerando que o encanto pelas cidades lusas não é uma “moda” que vai e vem. “Houve uma evolução positiva ao longo dos anos de um processo de desenvolvimento turístico para Lisboa”, disse em entrevista à Lusa. “Nos últimos anos é que se começou a ver os frutos de todo esse trabalho de desenvolvimento”, explicou, apontando a aposta em campanhas de comunicação no estrangeiro como fator determinante para que Lisboa chegasse às bocas do mundo.

Moda ou não, certo é que Lisboa e Porto estão na ribalta para os turistas. Desde o campeonato de futebol do Euro 2004 a tendência foi sempre crescente (tirando uma quebra em 2009, no auge da crise). E entre 2004 e 2013, o número de turistas estrangeiros a procurar Portugal registou um aumento superior a 2,5 milhões de pessoas, segundo dados do Turismo de Portugal. O maior crescimento registou-se de 2012 para 2013, ano em que a imprensa internacional virou os olhos para Portugal – o número de visitantes passou de 7,6 milhões de turistas anuais para 8,3 milhões.

Nos últimos anos Portugal tem conquistado inúmeros prémios em várias categorias de turismo. Já foi reconhecido, por exemplo, como “o melhor país da Europa” numa eleição feita no concurso 10 Best Readers’ Choice, do jornal norte-americano USA Today; Lisboa foi considerada a cidade mais ‘cool’ da Europa pela estação norte-americana CNN e as praias portuguesas também têm reinado nas listas das melhores praias do mundo, tendo recebido em 2013 uma distinção da prestigiada revista espanhola Condé Nast Traveller.

Só nos primeiros nove meses de 2013, o país somava cerca de 50 distinções, mais 35 prémios do que os 15 arrecadados no ano anterior.

“Portugal é menos icónico do que outros países mais conhecidos, mas oferece uma riqueza de oportunidades aos viajantes: vilas charmosas, boa comida, música regional fascinante, atrações culturais, uma bonita costa e até surf de classe mundial”, lia-se no USA Today em maio.

Também o ICCA – International Congress & Convention Association fez Portugal subir em 2013 quatro posições no top 20 dos destinos mais procurados a nível mundial para acolher congressos, ocupando agora a 13.ª posição. No ano passado foi também noticiado que Portugal já tinha conquistado três vezes mais prémios do que em 2012.

Destino mais barato, praias “maravilhosamente únicas” e o pastel de nata como um dos melhores doces da Europa foram algumas das categorias que valeram distinções por parte de diversos órgãos internacionais, como o The Guardian, o The New York Times, o El País, a CNN ou a revista Forbes.

Fonte: http://observador.pt/2014/06/08/moda-de-lisboa-e-porto-veio-para-ficar/

A Cidade de Lisboa

Com mais de 20 séculos de história, a capital portuguesa está situada junto ao rio Tejo. Com o sol quase sempre presente, a sua beleza única e singularidade arquitetónica são aclamadas além fronteiras.

Rica em monumentos, bairros típicos (Baixa Pombalina, Belém, Bairro Alto, Chiado, Bica, Alfama e Mouraria), zona ribeirinha, casas de Fado, parques, jardins e miradouros, Lisboa oferece várias possibilidades para descobrir, visitar e desfrutar do vasto património natural, histórico e cultural da cidade.

Monumentos como o Castelo Medieval de São Jorge, Catedral Medieval Sé, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, Panteão Nacional, Praça Terreiro do Paço e a Baixa são algumas das atrações turísticas de Lisboa que fascinam milhares de visitantes de todo o mundo.

A gastronomia de Lisboa é muito influenciada pela sua proximidade do mar. Assim as especialidades tipicamente lisboetas são as pataniscas de bacalhau, peixinhos da horta, a sardinha assada no pão (principalmente na festa dos Santos Populares que ocorre durante o mês de junho). O famoso Bife à Café também é considerado um «ex-líbris» alimentar da capital. O doce mais famoso de Lisboa é o tradicional Pastel de Nata, confecionado numa antiga fábrica na Freguesia de Belém, mais conhecido como Pastel de Belém.

Lisboa é um destino inesquecível para todos os estudantes que querem ter uma experiência única de vivência universitária, hospitalidade, gastronomia, tradição, história, modernidade, cultura e lazer.

Fonte: https://www.ulisboa.pt/info/cidade-de-lisboa

O que é que atrai os turistas em Lisboa?

A capital portuguesa está na moda. Segundo os números da Associação de Turismo de Lisboa, o Verão deste ano pode ser melhor do que o de 2012. Até Junho, registou-se um crescimento de cerca de 4% no número de hospedes e de mais de 6% nas dormidas na capital. Qual a imagem que têm de Lisboa e porque é que escolheram a capital portuguesa? Veja o vídeo:

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/turismo___lazer/detalhe/lisboa_vista_por_estrangeiros.html

PORQUE É LISBOA UMA CIDADE ÚNICA?

O SOL BRILHA

Agraciada com um dos climas mais amenos da Europa, semelhante aos de outros países mediterrânicos, mas temperado pela influência do Oceano Atlântico, o que significa verões quentes e secos sem serem insuportáveis e invernos frios mas toleráveis, Lisboa atrai aqueles à procura de bom tempo. Não é de estranhar, uma vez que é a capital europeia com mais horas de sol, chegando às 9 horas de média. Até no Inverno ele brilha por vários dias, e no Verão os jantares tardios ao ar livre fazem-se sob a sua luz…

A HISTÓRIA EM CADA ESQUINA

A história de Lisboa é anterior à do país de que se tornou capital. Já foi Olissipo, quando fazia parte da província romana Lusitânia, pertenceu a diferentes povos germanos, antes de ser Al-Ushbuna, a Lisboa muçulmana, que foi até à conquista portuguesa, em 1147. Guardiã e porta de entrada do Tejo, conheceu os esplendores do alvor do comércio internacional, no século XV, da qual foi uma das maiores protagonistas. Como testemunho do esplendor dos Descobrimentos, ficaram dois símbolos, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, exemplos do manuelino, estilo único na arquitectura europeia, que reflecte as aspirações do rei que lhe dá nome e se inspirou na epopeia da expansão pelos mares. Convivem na cidade os vestígios de estas e muitas outras histórias, de séculos de um local dinâmico e aberto ao mundo, em permanente transformação.

O FADO

Poucas cidades no mundo se podem orgulhar de ser o berço e local quase exclusivo de culto de um género musical, ainda para mais considerado património imaterial da Humanidade. Lisboa viu nascer (talvez mais certo seja dizer, deu à luz) este género que, mais do que qualquer outra expressão artística, condensa a alma de um povo. Lisboa sem o Fado, que vive em casas e em salas de espectáculo, dentro de paredes e nas ruas, não seria Lisboa. É uma parte tão característica da cidade que tem até direito a Museu próprio. E é experiência obrigatória para qualquer visitante.

UM MEIO DE TRANSPORTE PITORESCO COMO A CIDADE

Presença recorrente nos álbuns fotográficos dos que por aqui passam, os elétricos proporcionam uma viagem imprescindível pelas ruas estreitas e inclinadas da cidade. Datados do final do século XIX, chegaram a cobrir a cidade com 24 rotas diferentes. Hoje, sobrevivem cinco rotas, das quais a do 28 é a mais emblemática, com o seu passeio que começa nos Prazeres e acaba no Martim Moniz, passando pela  Graça, Sé e Alfama. Já os elevadores, foram uma invenção que veio ajudar a circulação numa cidade que se ergueu sobre colinas. São quatro, com destaque para o de Santa Justa, o único vertical, e aquele que oferece uma das vistas mais impressionantes da cidade no seu topo.

O ESPÍRITO DE BAIRRO

Lisboa aninha-se em bairros coloridos e cheios de personalidade, que reclamam para si o protagonismo de uma cidade charmosa e que como poucas guarda o segredo de manter certas tradições vivas. Em que outras capitais da Europa se encontra a roupa disposta nos estendais, ou o café que acolhe com igual hospitalidade os vizinhos e os estrangeiros? Seja no berço da cidade (e do Fado) que é Alfama, no ambiente criativo e boémio do Bairro Alto, ou na sofisticação do Chiado, a cada bairro corresponde um modo de vida particular e cada um define, à sua maneira, o que é isso de ser lisboeta, o que é isso de amar Lisboa.

OS MIRADOUROS

Cada cidade se dá a ver à sua maneira e Lisboa mostra-se em toda a sua cor, diversidade e beleza em locais que a apanham abeirada do Tejo ou com o azul como horizonte. Os miradouros mais icónicos chamam turistas e lisboetas de igual modo, sendo palco de convívio e contemplação faça chuva ou faça sol. Destaque para os miradouros de São Pedro de Alcântara, da Graça e de Santa Luzia.

A VIDA BOÉMIA E NOCTURNA

Há fortes argumentos para considerar Lisboa uma das cidades mais animadas da Europa. Durante o dia, habitantes e visitantes encontram um lugar ao sol (ou abrigado da chuva) numa das muitas esplanadas de que a cidade dispõe, onde alegremente conversam e deixam o tempo passar. Este espírito prolonga-se até altas horas da noite, em certos sítios da cidade – com destaque para o Bairro Alto e o Cais do Sodré – onde lisboetas e estrangeiros se misturam nas ruas estreitas, de copo na mão, ou festejam em bares underground ou de música ao vivo.

OS AZULEJOS E A CALÇADA

Em Lisboa, é difícil não querer absorver todos os pormenores, olhar para todo o lado, inclusive para o chão. A calçada portuguesa é uma arte em vias de extinção mas ainda se encontra espalhada pela cidade. As pedras de calcário e basalto que formam desenhos a preto-e-branco a remeter para a cultura marítima portuguesa são um marco da cidade e podem ser devidamente apreciadas no Rossio, no Chiado e na Avenida da Liberdade.
Em quase todas as zonas de Lisboa é também possível apreciar azulejos que são verdadeiras obras de arte. Nos padrões geométricos ou figurativos, nas naturezas mortas ou cenas históricas, o espírito do país pintou-se em azulejos que ornamentam imponentes fachadas e interiores de espaços públicos e privados. Trazida pelos árabes, a azulejaria floresceu na cidade e pode explorar-se em toda a sua riqueza num museu de referência mundial: o Museu do Azulejo.

OS PASTÉIS DE NATA, A GINGINHA, AS TASCAS E AS ESTRELAS MICHELIN

Lisboa também é uma cidade dada aos prazeres gastronómicos. Os seus ex-libris, os Pastéis de Belém e a Ginjinha, são doces, mas há muitas outras razões para se dar ao dente na cidade e vão desde as tascas em que os petiscos e comidas tradicionais vêm com travo de autenticidade aos restaurantes com estrela Michelin em que os chefs reinterpretam a gastronomia portuguesa em verdadeiras criações artísticas.

O COMÉRCIO TRADICIONAL

Numa cidade que soube preservar a sua história, também o comércio de outros tempos chegou ao presente. Há sapatarias mais antigas que a República (a Sapataria do Carmo, aberta em 1904), feiras quase tão antigas como a cidade (falamos da Feira da Ladra, cujo primeiro registo data do século XIII) e a livraria mais antiga da Europa ainda em funcionamento (Bertrand do Chiado). Fazer compras em Lisboa é, também, uma viagem ao passado.

SINTRA AQUI TÃO PERTO …

Uma das melhores razões para se dar um pulo a Lisboa encontra-se a alguns quilómetros de distância… É a romântica vila de Sintra, a uma viagem de comboio de 30 minutos da capital, que vale o desvio de um dia inteiro, e oferece aos visitantes um cenário de encantar: uma serra verdejante e rica em espécies, um palácio que parece saído de um conto de fadas, carruagens puxadas por cavalos, palacetes exuberantes e esotéricos, vestígios mouros e religiosos, e doçaria de comer e chorar por mais. E o oceano Atlântico, a encontrar-se com o ponto mais ocidental da Europa, no Cabo da Roca, também não fica longe…

… E CASCAIS (E O GUINCHO) TAMBÉM

Local de veraneio dos ricos e ociosos mas também vila de pescadores e segunda casa de muitos estrangeiros que decidem mudar-se para Portugal, Cascais oferece a minutos da capital todos os prazeres e confortos de uma sofisticada estância balnear europeia, com marcos que vão dos hotéis históricos ao Casino, dos restaurantes com vista para o mar à languidez das praias. E com mais uns minutos de viagem se chega ao Guincho, onde o mar e a natureza selvagem se mostram em todo o seu esplendor.

Fonte: https://www.bestguide.pt/lisboa/porque-e-lisboa-uma-cidade-unica/

Lisboa é uma cidade especial com particularidades únicas: o som dos eléctricos antigos a subir e a descer as ruas empedradas, o eco do Fado em vários locais da cidade, um autêntico tesouro de edifícios históricos, mas também a cidade mais cool de Portugal, aberta a novas tendências e um paraíso de compras.

Segundo a lenda, Lisboa foi originalmente construída sobre sete colinas e estende-se ao longo do rio Tejo numa paisagem ondulada repleta de edifícios Arte Nova, monumentos magníficos, inúmeros museushotéis fabulosos, esplanadas e belíssimos miradouros.

Repleta de história e cultura, Lisboa é conhecida pela sua luminosidade única e pelo charme incomparável. Tornou-se um dos destinos favoritos da Europa graças à sua incrível diversidade, às paisagens magníficas e ao invejável clima soalheiro. Todos os locais da cidade mantêm um toque de tradição – Lisboa soube preservar a beleza e o encanto antigos, quer seja nas ruas repletas de vendedores de flores ou de castanhas assadas, nos esplêndidos edifícios adornados com azulejos, nas pastelarias emblemáticas ou nos restaurantes inspirados em velhas adegas. Como capital do país, foi também aqui que tiveram lugar alguns dos momentos mais influentes da História Portuguesa, incluindo 400 anos de ocupação árabe, a florescente época dos Descobrimentos, o fim da monarquia de 800 anos, os anos da ditadura e a revolução pacífica do 25 de Abril.

Se existe uma zona da cidade que tenha testemunhado tudo isto foi o próprio centro – a Baixa. Após o grande terramoto de 1755, o centro histórico foi gradualmente reconstruído graças ao esforço e à persistência do Marquês de Pombal, e ainda hoje é considerado um dos exemplos mais impressionantes de reconstrução arquitectónica na Europa devido aos modernos materiais e técnicas usadas na altura. A parte mais antiga desta belíssima zona é o Rossio, conhecido pelos seus engraxadores, teatros históricos e a variedade de cafés e restaurantes. Passeie pela dinâmica Rua Augusta e vá até à majestosa Praça do Comércio – uma das praças mais famosas da Europa e o local onde se encontram alguns dos cafés mais antigos de Lisboa. Passeie pelas lojas ali perto, pelos pequenos mercados ao ar livre e observe os artistas de rua. Não deixe de provar a ginjinha na pequena adega com o mesmo nome e suba no Elevador de Santa Justa para contemplar a cidade a partir do alto.

A caminho da Praça Marquês de Pombal passa-se pela elegante e arborizada Avenida da Liberdade – a artéria mais glamorosa da cidade, famosa pelas suas lojas e restaurantes sofisticados e pelos hotéis de luxo. Ao cimo da avenida, do outro lado da Praça Marquês de Pombal, estende-se o imponente Parque Eduardo VII, que foi baptizado em honra do monarca inglês após a sua visita em 1902.

O coração do glamour urbano e cosmopolita ainda pode ser sentido no Chiado, um local onde o “novo” e o “antigo” convivem em harmonia. Caracterizado pelo ambiente casual-chique, com ruas cheias de lojas, restaurantes requintados, bonitas calçadas portuguesas, belíssimas igrejas e cafés intemporais, o Chiado faz com que qualquer visitante se sinta um verdadeiro lisboeta. Não se esqueça de beber uma bica no café A Brasileira – um ponto de encontro de intelectuais e poetas do século XIX, como Fernando Pessoa.

Em contraste com o encanto do Chiado, o Bairro Alto, mesmo ao lado, é o palco “artístico”, alternativo e boémio da cidade, bem como o centro da vida nocturna lisboeta. Composto por uma série de ruelas e de casas baixas com varandas antigas cheias de roupa a secar, este bairro transforma-se num dos destinos preferidos ao cair da noite. Enche-se de multidões de noctívagos que gostam de beber um copo em cada bar ou restaurante, numa mistura variada de tipos musicais e de restaurantes pequenos e acolhedores. Apesar de Lisboa ter uma animada vida nocturna, a discoteca LUX, conhecida internacionalmente, tornou-se um ícone por conta própria, com a sua localização sobre o rio e uma escolha musical ecléctica – um dos seus donos é o conhecido actor americano John Malkovich.

Parta à descoberta de Alfama, um antigo bairro árabe e a zona mais antiga da cidade. Tendo mantido o seu charme pitoresco e a essência histórica, Alfama é uma das zonas favoritas dos turistas devido ao seu labirinto de ruas serpenteantes, aos edifícios caiados e às casas de fado. Aqui perto poderá visitar os esplêndidos Museu do Fado e Museu do Azulejo, bem como o surpreendente Castelo de São Jorge. Todos os anos, Alfama e o bairro vizinho da Mouraria atraem multidões de pessoas de todas as idades às festas dos Santos Populares. Durante estas festividades, a cidade enfeita-se com coloridas fitas e balões, montam-se bancas ao ar livre, a atmosfera anima-se com música alegre e os coros das marchas populares, e os restaurantes vibram com foliões ávidos por jarros de sangria acompanhados por sardinhas acabadas de sair da brasa.

A maravilhosa zona de Belém fica em frente ao rio, perto da Ponte 25 de Abril. Alguns símbolos do glorioso passado marítimo de Portugal encontram-se aqui. Esta parte serena da cidade é deslumbrante para os amantes da História e repleta de monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. É também uma conceituada zona cultural, onde se encontram o Centro Cultural de Belém, diversos museus e um planetário, bem como os deliciosos Pastéis de Belém.

A moderna área comercial e residencial do Parque das Nações também é evocativa do legado marítimo de Lisboa. Situada no extremo oriental da cidade, esta zona futurista acolhe muitos eventos nacionais e internacionais, e possui um enorme complexo comercial, com restaurantes, esplanadas, bares, um casino e o Oceanário – um dos mais avançados da Europa.

Locais a Visitar

Monumentos Históricos

Torre de Belém
Erguida nas águas do Tejo, esta torre magnífica é um dos maiores símbolos dos Descobrimentos. Mandada construir por D. João II, esta fortificação do século XVI foi concebida pelo arquitecto Francisco de Arruda e edificada para defender o porto de Lisboa e como porta de entrada majestosa da cidade. Com ameias meticulosamente esculpidas, guaritas elegantes e um baluarte hexagonal, a beleza desta fortaleza tornam-na absolutamente singular. Além de tudo isto, uma das atracções da torre é um rinoceronte esculpido – o primeiro na Europa!

Mosteiro dos Jerónimos
Este monumento deslumbrante, classificado como Património Mundial pela UNESCO, não deixa ninguém indiferente. Retratando a riqueza da Coroa Portuguesa, bem como a capacidade criativa de D. Manuel I e do arquitecto Diogo de Boitaca, este monumento de 300 metros de comprimento é um dos exemplos mais impressionantes de arquitectura religiosa de todo o mundo. A opulência majestosa do seu estilo Manuelino, os claustros com dois pisos, os exuberantes elementos góticos, as belíssimas abóbadas e os motivos florais intrincados são mais do que razões para visitar este mosteiro. O interior alberga ainda os túmulos de algumas das figuras mais marcantes da História Portuguesa, como D. Manuel I, Vasco da Gama, Luís de Camões e Fernando Pessoa.

Locais Populares

Pastéis de Belém
Se Lisboa tiver um sabor, há-de ser seguramente o dos Pastéis de Belém. Visite a Fábrica dos Pastéis de Belém, perto do Mosteiro dos Jerónimos, e prove estes deliciosos pastéis polvilhados com açúcar e canela. A receita é secreta e nunca foi revelada! Irá sentir um aroma de mistério que torna esta especialidade numa das mais fascinantes do mundo!

Miradouros de Lisboa
Lisboa é uma cidade abençoada por cenários maravilhosos que podem ser desfrutados de diferentes perspectivas. As esplanadas e os miradouros da cidade proporcionam ambientes tranquilos e são locais excelentes para apreciar o pôr-do-sol e as vistas deslumbrantes sobre o rio Tejo. Os miradouros mais populares são os de São Pedro de Alcântara, de Santa Catarina e do Castelo de S. Jorge.

Museu Calouste Gulbenkian
Fundado em 1968 pelo filantropo arménio Calouste Gulbenkian, este surpreendente museu é um dos locais culturais mais prestigiados do país. Albergando uma colecção de arte antiga e contemporânea de todas as partes do mundo, o museu apresenta exposições permanentes e temporárias com diferentes obras, desde artefactos egípcios e romanos a uma extraordinária colecção de pintura do século XX.

Aquário Vasco da Gama
Com mais de cem anos, o Aquário Vasco da Gama, situado em Oeiras, é tutelado pela Marinha Portuguesa. Com cinco salas, conta com cerca de 90 aquários e tanques e com mais de 300 espécies marinhas vivas de água doce, salobra e salgada de ambos os hemisférios, embora tenha outros milhares em exposição no museu, onde está exposta a colecção oceanográfica do rei D. Carlos, homem inteligente e dinâmico, um grande entusiasta desta área e um dos pioneiros mundiais. Em exposição encontram-se também a fauna da costa portuguesa e fauna tropical. Este aquário, o mais antigo do país (foi inaugurado a 20 de Maio de 1898) e cheio de história, é visitado anualmente por dezenas de milhares de visitantes. Com as obras de que foi alvo, possui agora um auditório e uma cafetaria com esplanada.

Fonte: https://www.portugal-live.net/pt/regioes/lisboa/cidade.html

Por que Lisboa é a cidade mais cool da Europa?

Lisboa é despretensiosa, iluminada pelo sol e emoldurada pelo Rio Tejo, um espelho de cor. As sete colinas em que a cidade está assentada formam um vasto anfiteatro natural que recolhe e reflete a luz. A combinação destes diversos fatores – geográficos, topográficos, materiais e meteorológicos – dão à Lisboa uma luminosidade de outro mundo, tornando-a única entre as cidades europeias.

A atitude local é diferente também, você não encontra nas pessoas a angústia de Berlim ou altivez de Paris nem a fanfarronice de Roma, um dos motivos dos turistas do mundo inteiro sentirem-se tão bem acolhidos, principalmente os brasileiros.

Em Lisboa, há sempre tanto para ver e fazer, abrindo a cada visitante um mundo de possibilidades para as mais variadas experiências: pequenas e charmosas casas, com suas janelas coloridas, paredes de azulejos e varandas acolhedoras.

Cidade cheia de pequenos encantos, suas lindas calçadas, os telhados avermelhados que podem ser observados de tantos miradouros e ainda os antigos candeeiros que a iluminam de noite e a embelezam de dia. A cidade é rica em monumentos, bairros típicos como Alfama, onde a cidade nasceu, que permanece ainda genuíno.

De acordo com os historiadores, Lisboa foi fundada pelos Fenícios e construída ao estilo mourisco, representando as fortes influências árabes. O bairro de Belém é o mais importante em termos de património histórico, com seus monumentos relacionados com os descobrimentos, como a famosa Torre de Belém e o monumento aos Navegadores.

Também localizado em Belém, o Mosteiro dos Jerónimos é visita obrigatória. Situado na grandiosa Praça do Império, a linda construção integra elementos decorativos do gótico e do renascimento. A excelência arquitetônica é evidente, tendo sido reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

As atrações culturais não param aí, o novo Museu dos Coches é espetacular assim como o moderno CCB – Centro Cultural de Belém, local de ebulição da cultura contemporânea. Além de apresentar um acervo de obras fantásticas você pode passear pelos lindos jardins, com vista deslumbrante para o rio, e parar para um café acompanhado de deliciosos pasteis de nata.

Na minha recente estada em Lisboa fui conhecer uma novidade, o Museu do Dinheiro, instalado na antiga igreja de São Julião, inteiramente restaurada no âmbito do projeto de reabilitação da sede do Banco de Portugal, tive a oportunidade de conhecer exemplares raros de notas e moedas de todo o mundo, numa experiência inovadora e interativa, fazer uma viagem virtual ao século XII, ver a primeira moeda da história, cunhada há cerca de 2 700 anos, conhecer a evolução das moedas e notas portuguesas ou cunhar virtualmente uma moeda com meu rosto, adorei a visita (www.museudodinheiro.pt)

Se você é louco por design, Lisboa é um ótimo destino para você descobrir novidades, os portugueses são modernos e criativos, embora respeitem muito seu passado. Sugiro que visitem a Mona, uma loja que apresenta conceitos originais que têm por base objetos comuns, criada por Patrícia Pedro e Nuno Cardoso, uma espécie de design ready-made, mas com funcionalidade. Este espaço também funciona como galeria de arte, e como local de divulgação de jovens artistas, que desta forma ganham uma nova oportunidade para expor os seus trabalhos.

Outro endereço imperdível para os brasileiros é a Casa Pau-Brasil, situada do Palácio Castilho, no Príncipe Real. Trata-se de uma high-end concept store, onde você poderá encontrar uma curadoria de produtos e marcas que melhor representam o design e a originalidade do Brasil, como Lenny, Osklen, Granado, Chocolates Aquim, e ainda móveis de Sergio Rodrigues, Jader Almeida e Irmãos Campana.

A cena gastronômica lisboeta está em plena ebulição, e no comando está o chef José Avillez, à frente do estrelado Restaurante Belcanto (Largo de São Carlos 10) e mais outros sete endereços em Portugal. Não deixem de conhecer o Bairro do Avillez, mistura de mercearia com taberna e restaurante especializado em frutos do mar, que fica em uma área de 1.200m² no Bairro Alto, região badalada da cidade.

Para um café da tarde no Chiado, a boa pedida é o Café Alcoa, nada melhor que saborear um expresso com pastéis de nata ou deliciosos doces portugueses. Para amantes de ostras e peixes o destino certo é a peixaria moderninha Sea Me, além dos maravilhosos pratos de frutos do mar, há excelentes opções de comida japonesa do cardápio.

Para degustar um bacalhau divino vá ao Restaurante Pap’Açorda, localizado dentro do Mercado da Ribeira. Mas no topo da minha lista está o JNcQUOI, lê-se “je ne sais quoi“, uma expressão francesa popular. Uma incrível mistura de loja conceito, bar, restaurante e mercearia inaugurada em abril de 2017 que virou referência, localizada no coração da cidade, no número 182 da Avenida da Liberdade, no Edifício do Teatro Tivoli.

Do café da manhã ao jantar, passando pelo almoço e chá das cinco, o JNcQUOI tem uma oferta diversificada tanto de comida como de moda. No piso intermediário, o Delibar de 42 lugares oferece refeições mais ligeiras como ceviche de garoupa, burrata de búfala, carpaccio de bacalhau defumado ou ovas de salmão com blinis e crème fraiche, acompanhadas de uma longa carta de vinhos ou cocktails.

Ao redor do espaço encontra-se uma mercearia gourmet e uma garrafeira a rodear o espaço com uma seleção de produtos nacionais e internacionais como queijos, charcutaria e muitas trufas. No mesmo piso está um belo expositor da editora Assouline cheio de livros de arte, moda, viagens, arquitetura e design. O restaurante está localizado no piso acima, com uma réplica de um dinossauro em escala real como principal elemento decorativo, entre afrescos antigos nas paredes. A cozinha é liderada pelo chef Antônio Bóia, que traz uma carta composta por reinterpretações de pratos clássicos portugueses e internacionais.

Já no piso inferior fica a nova loja Fashion Clinic, dedicada a roupa e acessórios masculinos de várias marcas de luxo internacionais. A noite em Lisboa é uma criança, a zona do Bairro Alto oferece dezenas de bares de tapas charmosos, frequentados por jovens animados e boêmios.

Outro point que ferve a noite é o Príncipe Real, ao longo da Rua Dom Pedro V você encontra diversos bares e restaurantes descolados como o Lost In Esplanada, lugar cool no miradouro, mas minha parada obrigatória é no Casa da Praia Wine Bar, da querida Paula Farinha, além de  queijos divinos e uma ótima seleção de vinhos do Douro e Alentejo, Paulinha prepara um steak bernaise com purê de batatas trufado dos deuses, além da famosa mousse de chocolate. O pequeno e ultra charmoso bar virou endereço cool de Lisboa.

Falar de Lisboa sem falar do Hotel Ritz Four Seasons, seria uma heresia. O Ritz é uma referência mundial de hotelaria de luxo, sem dúvida o melhor serviço da cidade, considerado entre os melhores do mundo. Desenhado em 1952, este edifício modernista no topo de uma colina é para mim, um oásis na cidade. Embora tenha interiores luxuosos, com belas tapeçarias feitas à mão pelo artista português José Sobral de Almada Negreiros e mobiliário do século XVIII, a atmosfera é aconchegante, a gentileza e dedicação do staff é tão grande que nos sentimos em casa.

A maioria dos quartos possui varandas privativas com vistas do centro histórico e do Parque Eduardo VII, a academia localizada no rooftop é espetacular e conta com uma pista de corrida no telhado traça com uma vista de 360 graus da cidade.

O “pequeno almoço” como é chamado o café da manhã em Portugal é uma experiência gastronômica ímpar, impossível de resistir. O hotel também se destaca pela extensa programação cultural que oferece aos seus hóspedes.

Você pode passear em um carrinho antigo (tipo sidecar) com o motorista e experimentar a vibração única. De volta ao Hotel, a Coleção de Arte Contemporânea Portuguesa do Ritz é extensa e eclética, consistindo em magníficas tapeçarias, esculturas, pinturas a óleo e muito mais.

A coleção inclui dezenas de obras de arte de alguns dos artistas mais conhecidos de Portugal, como Almada Negreiros, Pedro Leitão, Estrela Faria e Querubim Lapa, entre outros. Acabei de voltar e já estou com saudades da “Terrinha”.

Fonte: https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/por-que-lisboa-%C3%A9-a-cidade-mais-cool-da-europa

A Incrível História Da Cidade De Lisboa

Fundação e período romano

Lisboa foi fundada pelos Fenícios sob o nome de Alis Ubbo (“porto seguro”) e pouco tempo depois foi ocupada pelos Gregos e Cartagineses.

No ano 195 a. C., foi conquistada e povoada pelos Romanos que lhe atribuíram o estatuto de município, passando a chamar-se Olissipo. À sua volta começou a fixar-se um bom número de famílias que cultivavam as terras e, em troca de comida e de vinho, recebiam proteção. Devido à sua excelente localização estratégica, tornou-se um importante centro de defesa dos Romanos.

Com a queda do Império Romano, passou a fazer parte do reino suevo da Galiza, até 585 d.C.

Período muçulmano e reconquista de Lisboa

Em 711, a cidade foi dominada pelos Muçulmanos, que lhe deram o nome de Al-Ushbuna. Afonso II, o Casto, recuperou-a durante uma década, entre 798 e 808. Mas a reconquista definitiva aconteceu em 1147, através de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, que a conquistou e expandiu para fora das suas muralhas.

Mais tarde, já no século XIV, o rei D. Fernando mandou construir uma nova muralha – a Cerca Nova – com objetivo de defender a cidade contra as permanentes ameaças do rei de Castela.

É, no entanto, com o rei D. Afonso III que a cidade de Lisboa passa definitivamente a ser a capital do Reino de Portugal. Nesta época, Lisboa era já um importante núcleo económico de trocas, possuindo dois mercados centrais de hortaliças: a Praça da Ribeira e a Praça da Figueira, hoje importantes praças da cidade.

Durante os reinados destes dois reis foram criadas as condições que, no final do século XIV, com início da dinastia de Avis, deram origem ao começo da expansão marítima de Portugal e o consequente aumento de poder e enriquecimento da capital portuguesa.

Os Descobrimentos

A partir do século XV, o porto de Lisboa tornou-se um dos mais importantes do mundo. A riqueza que gerou com o que as naus descarregavam nos seus cais, atraiu genoveses, judeus, flamencos e maiorquinos, cujos conhecimentos marítimos influenciaram a corte do infante D. Henrique.

No ano de 1500, D. Manuel I abandonou o castelo e passou a fixar-se no Paço Real (no atual Terreiro do Paço), onde toda a vida comercial de Lisboa se passou a centralizar. É nesta altura que nasce o Bairro Alto, onde posteriormente se viria fixar muita da aristocracia portuguesa.

No século seguinte, a Casa da Índia contribuiu para o aumento da riqueza da cidade graças ao comércio gerado com a Ásia, África e Brasil, tornando-se o centro de tráfico de escravos mais importante da Europa.

O domínio espanhol

Contudo, em 1580 o duque de Alba conquistou Portugal e o rei espanhol Felipe II tornou-se rei de Portugal. Depois sucederam-se mais dois reis espanhóis. O país só viria a recuperar a sua independência em 1640, seguindo-se um período esplendoroso na cidade devido às grandes riquezas trazidas do Brasil.

O grande terramoto de 1755

O grande terramoto de 1 de novembro de 1755 destruiu Lisboa, o que deu a oportunidade ao Marquês de Pombal, com o ouro que chegava de Minas Gerais, de reconstruir a cidade baixa e empreender uma obra de requalificação urbanística notável, seguindo um novo traçado geométrico, com grandes vias de estilo clássico.

Napoleão e a monarquia constitucional

Com as invasões francesas, a cidade caiu nas mãos de Napoleão em 1807, mas foi reconquistada pelos ingleses, liderados pelo general Wellington.

Após a vitória do liberalismo, a organização urbanística pombalina foi quebrada, passando a ser construídos alguns dos mais emblemáticos edifícios da cidade, dos quais se destacam o Palácio da Ajuda, a Ópera de S. Carlos, a Basílica da Estrela e o Teatro D. Maria II.

Em 1833, a monarquia constitucional foi restaurada e perdurou até a proclamação da República em 1910.

Lisboa no século XX

Já no século XX, a Avenida da Liberdade passou a apresentar-se como o eixo da nova cidade, surgindo, então, outros importantes edifícios na cidade, tais como o Hotel Palácio, o Eden Teatro, o Cinema Tivoli e o Hotel Vitória.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Lisboa foi o refúgio de muitos exilados dos países ocupados pelo eixo em trânsito para os Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Em 1932, António de Oliveira Salazar tomou o poder e criou uma ditadura, que durou até 25 de abril de 1974, quando um golpe de Estado acabou com este regime. Esse facto ficou conhecido como a “Revolução dos Cravos”. Durante estes anos, Lisboa sofreu uma grande mudança demográfica e expansiva.

Em 1986, Portugal entrou na União Europeia e, doze anos mais tarde, em 1998, Lisboa foi a sede da Exposição Universal, a Expo98 que transformou a fisionomia da parte oriental da cidade.

Seis curiosidades sobre Lisboa

Lisboa é conhecida como a cidade das “sete colinas”: Castelo, Graça, Monte, Penha de França, São Pedro de Alcântara, Santa Catarina e Estrela.

É hábito chamar aos lisboetas “alfacinhas”, dado que desde muito cedo que Lisboa se tornou famosa pelo cultivo de alfaces.

A estátua do Cristo Rei, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, que se situa na margem esquerda do rio Tejo, é uma cópia do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Possui uma altura de 28 metros e o monumento na totalidade mede 110 metros de altura.

A ponte 25 de Abril foi inaugurada em 1966 pelo primeiro-ministro de Portugal da época,  António Oliveira Salazar, pelo que foi inicialmente batizada de Ponte Salazar. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, a ponte recebeu o seu nome atual, comemorando simbolicamente aquele dia histórico. A ponte tem uma extensão total de 2,2 quilómetros, dos quais 1,2 estão suspensos sobre o rio.

A ponte Vasco da Gama foi inaugurada a 4 de abril de 1998 e é a maior ponte da Europa, medindo 17,2 quilómetros, dos quais 10 estão sobre as águas do estuário do Tejo.

Lisboa possui uma grande cultura de café, existindo muitos nomes para designar os diferentes tipos de café: bica, pingado, garoto, cortado, carioca, italiana, abatanado, curto…

Fonte: https://www.collegiate-ac.pt/noticias-para-estudantes/a-incrivel-historia-da-cidade-de-lisboa/

História de Lisboa

Os eléctricos da carris

Lisboa recebeu o eléctrico com medo dos «monstros de ferro», das faíscas e a desdenhar dos postes «de alta tensão», mas acabou por os aceitar. O Porto, que teve o primeiro eléctrico ibérico, diz que este transporte faz parte da sua identidade. Porém, em ambas as cidades, o eléctrico está reduzido a quase nada. O cenário pode mudar?

a Na madrugada de 31 de Agosto de 1901, entrou em funcionamento a primeira linha de eléctricos de Lisboa. Ia sobre carris, do Cais do Sodré a Ribamar (hoje Algés). Os primeiros passageiros aplaudiram a elegância luxuosa dos carros, a comodidade que proporcionavam e também a rapidez da viagem, mas para a história fica também a controvérsia que rodeou a chegada destes veículos à capital.

«A polémica gerou-se em torno do tipo de eléctrico a utilizar: sistema de captação de corrente por rede aérea e trólei ou sistema de captação de corrente por rede subterrânea», descreve João de Azevedo, no livro Lisboa – 125 anos sobre carris.

A opção pelo primeiro sistema (tido como mais barato, mas também inestético) foi mal recebida. No Parlamento, ouviram-se discursos inflamados, antecipando que «raios e coriscos, atraídos pelos cabos de alta tensão, provocarão grandes incêndios que destruirão a nossa Lisboa». As crianças «jamais poderão brincar em paz nos passeios, pois partirão a cabeça contra os postes de alta tensão», cita João de Azevedo. E mesmo a imprensa da época noticiou «o efeito detestável dos postes nas estreitas ruas», chamando-lhes «monstros de ferro».

Ultrapassadas as primeiras resistências, os eléctricos disseminaram-se pela cidade. Em 1958, a rede lisboeta totalizava 145 quilómetros. Até aos dias de hoje, esse número caiu a pique. Agora sobram cinco carreiras, que percorrem 48 quilómetros. Números que pouco ou nada se deverão alterar num futuro próximo, apesar dos apelos que têm sido feitos por cidadãos e autarcas para que algumas linhas extintas sejam reactivadas e novas possam surgir.

A Carris, que gere os eléctricos de Lisboa, justifica a supressão de carreiras de eléctricos no passado com «uma conjugação de factores»: a expansão da rede de autocarros («cujos custos operacionais eram mais baixos e apresentavam uma grande flexibilidade para acompanhar o desenvolvimento da cidade») verificada a partir dos anos 50 e a concorrência do Metropolitano de Lisboa. O secretário-geral da Carris, Luís Vale, diz que mexer na rede de eléctricos implica «investimentos avultados», bem como decisões partilhadas com o Estado e a Câmara de Lisboa.

A Carris sublinha ainda que, no frente-a-frente com os autocarros, os veículos movidos a electricidade saem a perder: o preço do material circulante e os custos de manutenção são mais elevados e, se não houver «corredores próprios» e «prioridade nos semáforos», a velocidade de circulação será sempre um problema. Apesar de os eléctricos produzirem «menos poluição sonora, além de deslocalizarem a poluição atmosférica para as zonas de produção da energia eléctrica, fora dos grandes centros urbanos».

Fonte: http://www.publico.pt/temas/jornal/sobre-carris-ou-sobre-rodas-o-futuro-passa-pelos-electricos-21845821

Vídeos:

História de Lisboa

Filmes ambientados em Lisboa

Jodé Cottinelli Telmo – A Cançao de Lisboa (1933)

João César Monteiro –  Recordações da Casa Amarela (1989)

Manoel de Oliveira – A Caixa (1994)

Win Wenders – Lisbon Story (1994)

Roberto Faenza – Sostiene Pereira (1995)

Maria de Medeiros Capitães de Abril (2000)

Raúl Ruiz – Mistérios de Lisboa (2010)

Bille August – Night train to Lisbon (2013)

Pedro Varela – A Cançao de Lisboa (2016)

Cançoes sobre Lisboa

Amalia Rodrigues – Lisboa Antiga

Letra:

Lisboa, velha cidade,
Cheia de encanto e beleza!
Sempre a sorrir tão formosa,
E no vestir sempre airosa.
O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto linda princesa!

Olhai, senhores, esta Lisboa d’outras eras,
Dos cinco réis, das esperas e das toiradas reais!
Das festas, das seculares procissões,
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais!

Lisboa, velha cidade,
Cheia de encanto e beleza!
Sempre a sorrir tão formosa,
E no vestir sempre airosa.
O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto linda princesa!

Olhai, senhores, esta Lisboa d’outras eras,
Dos cinco réis, das esperas e das toiradas reais!
Das festas, das seculares procissões,
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais!

Fonte: http://letras.com/amalia-rodrigues/564691/

Carlos do Carmo – Lisboa, menina e moça (1986)

Letra:

No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

Fonte: http://letras.com/carlos-do-carmo/483795/

Deolinda – Lisboa não é a cidade perfeita (2008)

Letra:

‘Inda bem que o tempo passou
e o amor que acabou não saiu.
‘Inda bem que há um fado qualquer
que diz tudo o que a vida não diz.
Ainda bem que Lisboa não é
a cidade perfeita p’ra nós.
Ainda bem que há um beco qualquer
que dá eco a quem nunca tem voz.
‘Inda agora vi a louca sozinha a cantar,
do alto daquela janela.
Há noites em que a saudade me deixa a pensar:
Um dia juntar-me a ela.
Um dia cantar…
como ela.

‘Inda bem que eu nunca fui capaz
de encontrar a viela a seguir.
‘Inda bem que o Tejo é lilás
e os peixes não param de rir.
Ainda bem que o teu corpo não quer
embarcar na tormenta do réu.
Ainda bem se o destino quiser
esta trágica historia, sou eu.
‘Inda agora vi a louca sozinha a cantar,
do alto daquela janela.
Há noites em que a saudade me deixa a pensar:
Um dia juntar-me a ela.
Um dia cantar…
como ela.

Fonte: http://letras.mus.br/deolinda/1336712/

A MPB, Caetano Veloso e Gilberto Gil

aquarela

Mas, afinal, que gênero é esse a que chamam de MPB?

O conceito de Música Popular Brasileira, ou MPB, nasceu no começo dos anos 60, ancorado em preceitos culturais, artísticos e até mesmo políticos. No entanto, esse mesmo conceito ― que chegou a rejeitar a guitarra elétrica na música brasileira, por ser um estrangeirismo ― sofreu muitas modificações ao longo das décadas. Hoje, a ideia do que é música popular brasileira parece ser muito mais ampla.

Rica em sonoridade, criatividade e elementos rítmicos, a música brasileira talvez seja uma das mais conhecidas no exterior. Estilos consagrados como a bossa nova e o samba estão hoje emparelhados com outros que chamam a atenção de um público diversificado, como o axé e o sertanejo, por exemplo.

Por outro lado, ritmos que alguns caracterizam como “música de periferia”, como o rap e o hip-hop, também vão ganhando cada vez mais espaço, talvez até mesmo diluindo o que se conhecia como música popular brasileira, caminhando para um conceito que poderia se chamar música brasileira popular.

Para falar sobre os caminhos da música brasileira, o Diálogos na USP, apresentado por Marcello Rollemberg, recebeu Luiz Tatit, professor titular do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que é também escritor, pesquisador e compositor, tendo lançado diversos CDs em sua participação no grupo Rumo e em sua carreira solo. O programa também conta com Alberto Ikeda, estudioso da música, professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam).

Luiz Tatit diz não gostar do termo MPB, pois associa a música a uma fase de protestos dos anos 60, quando, na verdade, tudo que se tem no País é música popular brasileira. Além disso, acredita que o termo remete a algo conservador, sendo voltado principalmente para pessoas mais velhas. O compositor prefere utilizar o termo canção, que remete a tudo que envolve canto, melodia e letra.

Alberto Ikeda comenta que a sigla MPB surgiu como forma de distinguir o ritmo da música considerada comercial para a época, como o rock’n roll. Na atualidade, o termo está desgastado e há dificuldade em defini-lo de forma conceitual ― sabe-se apenas que, hoje, praticamente tudo que se faz é música popular brasileira.

“A partir do Tropicalismo, a história de gêneros praticamente desapareceu”, diz Tatit, explicando que promover a mistura nas músicas é como um trunfo. O artista não se define como sambista, por exemplo, mas diz apenas que “está na música”, como explica o professor. Rotular-se impede que a produção seja feita em novos formatos.

Alberto Ikeda acredita que o próprio conceito de arte já justifica essa maior abertura para os diferentes gêneros. No entanto, o professor diz que “até a década de 90, ainda havia a necessidade da indústria de estabelecer classificações no sentido de propor algum direcionamento de vendagem”. Na contemporaneidade, Ikeda assume ser difícil definir tais limites, mas reforça a lembrança de que algumas rádios ainda instauram gêneros, sobretudo o rock.

Fonte: https://jornal.usp.br/atualidades/mas-afinal-que-genero-e-esse-a-que-chamam-de-mpb/

História da MPB

Para muitos, a MPB surge no ano de 1966, compondo a chamada «segunda fase da Bossa Nova«. No contexto brasileiro, a época era de efervescência política, cultural, econômica diante do poder totalitário, o Golpe de 64, a ditadura militar, manifestações, censura, protestos, movimentos estudantis, a contracultura.

No ano anterior, em 1965, fora realizado o «I Festival de Música Brasileira», recebido com muito sucesso pelo público e transmitido pela TV Excelsior, de São Paulo. Diante do Sucesso do festival, no ano seguinte, a emissora promoveu, a segunda edição do evento, o «II Festival de Música Brasileira», o qual teve grande repercussão e êxito. Por conseguinte, em 1967, a TV Excelsior realiza o «III Festival de Música Popular Brasileira», a versão mais famosa de todas, que revelou vários novos compositores e intérpretes da história da música brasileira, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Elis Regina.

Paralelamente aos festivais paulistas, a TV Globo lançou o Festival Internacional da Canção (FIC), também lançando nomes da MPB, como Milton Nascimento, Raul Seixas, Beth Carvalho, Ivan Lins, e muitos outros.

Portanto, a MPB foi caracterizada pela união das técnicas da bossa nova com as ideias inovadoras dos estudantes da UNE que buscavam uma música mais brasileira, popular e menos sofisticada, como a Bossa Nova se apresentava.

Com isso, surge esse novo estilo, que muitas vezes é confundido com a música brasileira em si. Nesse sentido, vale lembrar que a MPB é um gênero musical que cresce cada vez mais, representado por muitos artistas da atualidade, como por exemplo, Gal Costa, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Chico César, Elba Ramalho, João Bosco, Lenine, Maria Rita, Milton Nascimento, Nando Reis, Seu Jorge, Tim Maia, Ney Matogrosso, Vanessa da Matta, Zeca Baleiro.

Desde o início, a MPB foi marcada por temas da cultura brasileira, com influência de uma mistura de ritmos como do rock, soul, samba, pop, reggae, dando origem a estilos como o samba-rock, o samba-reggae, dentre outros.

Fonte: http://www.todamateria.com.br/mpb-musica-popular-brasileira/

MPB: conheça a história da Música Popular Brasileira

A MPB já passou por diversas transformações, deu origem a novos estilos e se apropriou de outros — há quem diga que hoje já estamos na terceira fase da Música Popular Brasileira, mas também tem quem ache melhor não classificar nada, só dizer que é MPB e pronto.

O fato é que a MPB engloba uma extensa quantidade de artistas, desde Chico Buarque, Tom Jobim e Elis Regina, passando por Marisa Monte e os Tribalistas, até chegar aos nomes mais recentes, como Silva, Tiago Iorc e Anavitória.

Quer saber mais sobre o estilo e conhecer a história da MPB? Preparamos um super resumo pra você com os principais marcos, desde as origens da Música Popular Brasileira. Não vai perder, né? Dá o play no nosso top hits da MPB para ouvir enquanto lê!

História da MPB

A expressão “música popular” é usada por aqui há séculos, mas sem se referir a nenhum movimento ou grupo artístico específico. A história da MPB só começa de verdade na segunda metade da década de 60. 

O contexto era o seguinte: a bossa nova, com influências do samba e do jazz americano, fazia sucesso com sua proposta de criar músicas mais sofisticadas, falando do cotidiano e das belezas do Brasil. Grandes nomes como Tom JobimVinicius de Moraes e Nara Leão já faziam sucesso com esse movimento.

Ao mesmo tempo, havia um outro grupo que queria resgatar as origens da música brasileira, buscando inspiração no folclore e nos ritmos tradicionais vindos de diferentes regiões do país.

Logo depois do começo da ditadura, em 1964, os dois movimentos se uniram como uma frente cultural contra o regime e adotaram a sigla MPM (Música Popular Moderna). A mudança de MPM para MPB teria sido, entre outras coisas, por influência do grupo MPB4, que surgiu mais ou menos na mesma época.

Primeiras músicas da MPB

O marco inicial da MPB foi a música Arrastão, escrita por Edu Lobo e Vinicius de Moraes e interpretada por Elis Regina. Além de inaugurar o que viria a ser conhecido como Música Popular Brasileira, a canção ainda foi o pontapé inicial da brilhante carreira de Elis.

No ano seguinte, a música Pedro Pedreiro, de Chico Buarque, também entrou para a lista da MPB, e a partir daí foram surgindo mais e mais sucessos. Em 1966, as músicas Disparada, interpretada por Jair Rodrigues, e A Banda, de Chico Buarque, foram consideradas o marco definitivo de ruptura da MPB com a segunda geração da Bossa Nova. 

Canções de protesto e a era dos festivais

Por ter surgido como bandeira de luta, a Música Popular Brasileira nasceu com letras críticas, as chamadas canções de protesto — músicas que tentam chamar a atenção dos ouvintes para problemas políticos e sociais. Podemos citar como exemplo a clássica Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores, de Geraldo Vandré.

Nesse mesmo contexto, estava acontecendo outro fenômeno que mudou a história do Brasil: a popularização da televisão. A música, que até então só era ouvida no rádio, ganhou espaço nas telinhas e surgiram os famosos festivais musicais, responsáveis por consagrar de vez a MPB.

Apesar da censura do regime, muitos artistas conseguiram se apresentar nos festivais cantando músicas que eram verdadeiras canções de protesto contra a ditadura. Alguns, infelizmente, não conseguiram fugir da censura, como Chico Buarque e Gilberto Gil, que tiveram o áudio cortado ao apresentarem a música Cálice, no festival Phono 73.

Tropicália

A música Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, foi apresentada no 3º Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, e marcou o início definitivo de um importante movimento dentro da MPB: o Tropicalismo.

Ao contrário do que se fazia até o momento, as músicas perderam o tom sério de crítica direta e passaram a abusar dos trocadilhos, das ironias e das figuras de linguagem, adotando uma sonoridade mais pop e experimental. Entre os maiores representantes do movimento estão a banda Os Mutantes e o próprio Caetano, que também é autor da música Tropicália.

A Jovem Guarda

Durante o mesmo período, surgiu uma outra vertente que consagrou nomes como Erasmo Carlos Wanderléaa Jovem Guarda. O movimento também teve seu espaço garantido na televisão e no coração dos brasileiros.

Acontece que a Jovem Guarda foi para um caminho bem diferente do que tomava a MPB: adotou um estilo mais voltado para o rock, com guitarra elétrica, ritmos dançantes e letras com temas mais superficiais. Justamente por isso, existe uma eterna discussão em torno dessa questão: Jovem Guarda é ou não é MPB?

Novos rumos pós ditadura: é MPB ou não é?

E não foi só a Jovem Guarda que foi questionada — nos anos 80 e 90, novos estilos musicais começaram a ganhar força no Brasil e as letras começaram a apresentar outros temas. Nomes como Cássia Eller se destacaram com a influência do rock (que já vinha antes com Raul Seixas e Rita Lee). O sertanejo se espalhou pelo Brasil, surgiram novas vertentes no samba e até estilos totalmente inéditos, como o funk.

Com tantas mudanças, os conceitos da MPB precisaram ser alargados. Hoje, apesar de o conceito exato não ser definido, existe ao menos um consenso entre a maioria: nem tudo é MPB, mas a MPB tem, sim, várias influências diferentes e não é homogênea.

Importância da MPB para o Brasil

A Música Popular Brasileira teve importância em vários movimentos sociais. É por isso que ela costuma ser classificada como um conjunto de manifestações artísticas e culturais que vão além do gênero musical. Ela foi muito importante na luta contra a censura e na busca pelo resgate das raízes culturais brasileiras, tanto que a história da MPB chega a se misturar com a do Brasil.

Mas se engana quem pensa que a importância da MPB ficou no passado. Artistas como Tiago Iorc são um ótimo exemplo de que ela continua aqui para questionar e nos fazer refletir sobre os problemas sociais. Vários novos artistas têm se destacado e dado novos ares à MPB, seja buscando a fórmula “original” ou construindo novos conceitos.

Fonte: https://www.letras.mus.br/blog/historia-da-mpb/

MPB: um pouco de história

A sigla “MPB” apareceu na língua portuguesa em algum momento dos anos 1960, como uma abreviação de “música popular brasileira”. Mas o que se entendia então, e o que se entende hoje, por “música popular brasileira”? A popularidade da música é algo de difícil definição, e, quem sabe, apenas um pouco menos volátil que a popularidade dos políticos.

Talvez seja útil recuar um pouco na história. No século 19, por exemplo, não se falava, salvo engano, em música popular brasileira. Até a libertação dos escravos, estes não eram legalmente considerados como parte do “povo”, e suas formas de expressão sonora não eram consideradas como “música popular”. Aliás, mesmo depois disto, havia quem nem visse razões para chamá-las de “música”.

O crítico literário Sílvio Romero, um dos primeiros a se interessar por esses assuntos, chamou seu livro aparecido em 1883 de Cantos populares do Brasil, e não “Música popular do Brasil”. Talvez, naquele momento, a expressão “música popular” pudesse ser vista como contraditória: a palavra “música” seria reservada para uma das Belas Artes, praticada e usufruída pela aristocracia do fino gosto; e pelo povo só na medida em que se identificasse com os valores daquela. Como escreveu o pianista Arnaldo Estrela em 1931: “Este é o mês do carnaval. (…) Enquanto a Sra. Música no seu recolhimento austero  goza as férias de verão, a musa popular samba e canta ao léu das ruas.”

Por outro lado, no título escolhido por Romero, o emprego do qualificativo “do Brasil”, em vez de “brasileiro”, sugere que os cantos seriam cantados aqui, mas talvez não necessariamente criados aqui, ou de caráter intrinsecamente identificado ao país. (De fato, as pesquisas do crítico sergipano deram grande ênfase à permanência de canções portuguesas entre nós).

Mais tarde, nas primeiras décadas do século 20, Mário de Andrade e outros estudiosos consideraram que o povo brasileiro (formado, na concepção vigente, sobretudo pela população rural) tinha sido capaz de criar expressões musicais próprias,  às quais atribuíram grande valor tanto em termos de beleza, quanto de identidade cultural. Esta música foi chamada de “popular”, e talvez a principal obra de síntese escrita sobre ela, da autoria da discípula de Mário de Andrade, Oneyda Alvarenga, teve por título Música popular brasileira (primeira edição em 1947).

Contudo, foi também nas primeiras décadas do século 20 que novas formas de expressão sonora, ligadas ao mundo das cidades, e também a novas formas de tecnologia (como os discos e o rádio), passaram a ganhar crescente importância no país. Compositores como Sinhô, Noel Rosa, Ari Barroso, e intérpretes como Francisco Alves, Carmen Miranda e tantos outros, ganharam entre 1920 e 1940 um novo e logo imenso público, predominantemente urbano, de consumidores de discos e programas de rádio.

Esta música, num primeiro momento, não foi chamada de “popular” – pelo menos não por pensadores da estirpe de Romero e Andrade. Tal palavra, para eles, estava por demais associada a certos ideais nacionais, incompatíveis com os ingredientes cosmopolitas e comerciais que, em maior ou menor medida, entravam na composição daqueles novos sambas, marchas e frevos. Esta música foi por isso  chamada de “popularesca”, palavra cuja conotação pejorativa não se pretendeu disfarçar.

No decorrer do século 20, porém, esta expressão foi abandonada, e a música urbana passou a ser conhecida como “popular”, adotando-se para a música rural a etiqueta de “folclórica”. A história destas mudanças ainda está para ser contada em detalhes, mas pode-se avançar algumas ideias. Em primeiro lugar, o monopólio do discurso sobre música por parte dos intelectuais tradicionais sofreu no período fortes abalos. A nova música urbana já vinha com seus próprios intelectuais: Alexandre Gonçalves, autor de O choro; Francisco Guimarães, autor de Na roda do samba; Orestes Barbosa, autor de O samba (além de compositor); Almirante, radialista (além de cantor e compositor); Ari Barroso, radialista e vereador (além de pianista e compositor). Todos eles tinham profundas ligações pessoais com a música sobre a qual vieram a manifestar-se como autores de livros, jornalistas, radialistas, e pelo menos em um caso, político. É natural que não quisessem chamá-la com uma etiqueta pejorativa como “popularesca”.

Em segundo lugar, os herdeiros de Sílvio Romero e Mário de Andrade passaram a adotar a expressão “música folclórica” em vez de “música popular”. Esta mudança pode, por sua vez, ter duas explicações. A primeira, é que Renato Almeida e Oneyda Alvarenga entre outros, reconheceram na música dos rádios e dos discos não só o que poderíamos chamar de “popularidade adjetiva” (que seria a “popularesca”, sinônimo de aceitação ampla), mas também “popularidade substantiva”, associada aos nobres ideais da nacionalidade. (A outra face desta moeda, é que personagens depois considerados como ilustres pioneiros da MPB –  como Pixinguinha, Donga, Noel Rosa, Almirante – começaram sua carreiras fazendo músicas que, pelos padrões dos anos 1960-70, seriam consideradas “folclóricas”).

A segunda explicação é que a cultura anglo-americana substituiu a cultura francesa como influência dominante no país. Na França, usa-se (ainda hoje) a expressão musique populaire, e não musique folklorique, para designar as expressões sonoras rurais de caráter tradicional. Em inglês, estas são ditas folk music, enquanto popular music corresponde grosso modo ao “música popular” da sigla MPB.

Assim, nos anos 1950 aparece no Rio de Janeiro a Revista de Música Popular, que tem como tema central os compositores e intérpretes do rádio e dos discos. Em 1976, Zuza Homem de Mello publica um livro com o mesmo título daquele que Oneyda Alvarenga publicara em 1947, Música popular brasileira. O conteúdo, entretanto, mudara inteiramente. Agora, falava-se de bossa-nova, e não de bumba-meu-boi; e os personagens não eram mais agricultores anônimos, mas Tom Jobim, Chico Buarque, Elis Regina e seus colegas. Ainda mais interessante, da mesma maneira como o público havia entendido nos anos 1940 o significado do título do livro de Alvarenga, entendeu nos anos 1970 o do livro de Homem de Melo.

E a sigla MPB? Ao que tudo indica, ela aparece no início dos anos 1960, mas não se sabe o momento exato.

Um dos seus primeiros registros conhecidos é o nome do conjunto MPB-4. Segundo o Dicionário Cravo Albin: “O histórico do grupo remonta a 1962, inicialmente com formação de trio, integrado por Ruy, Aquiles e Miltinho, responsáveis pelo suporte musical do Centro Popular de Cultura da Universidade Federal Fluminense (filiado ao CPC da UNE), em Niterói. A partir do ano seguinte, com a adesão de Magro, passou a atuar como Quarteto do CPC (…). Em 1964, com a extinção dos CPCs, Magro e Miltinho, na época estudantes de Engenharia, batizaram o conjunto como MPB-4, o que provocou por parte de Sérgio Porto o comentário de que o nome do quarteto parecia ‘prefixo de trem da Central do Brasil’”.

O comentário de Sérgio Porto parece mostrar que a sigla, se não foi inventada pelo grupo, ainda não seria usual naquele momento. Mas a menção a uma outra sigla –  CPC –  é muito significativa neste contexto. Antes do golpe militar de 1964, se o grupo era conhecida como “Quarteto do CPC”, ele seria algo como o “CPC-4”. Depois do golpe,  os CPCs são proscritos, mas não parece improvável que a nova sigla de três letras, rima incluída, e com o “P” de povo por assim dizer no centro, tenha sido sugerida pela recente (e agora censurável) ligação do quarteto. De fato, como argumentei em outro lugar (Sandroni, 2004), a sigla MPB condensa, além de significações musicais –  na qual “popular” se define por oposição a “folclórico” e “erudito” –  associações políticas, onde ecoam não apenas os CPCs de antes do golpe, mas também o MDB de depois do golpe.

A significação da sigla como etiqueta mercadológica é mais recente e talvez incompatível com as outras duas. A partir dos anos 1990, há uma crescente fragmentação do panorama musical, que põe em cheque a concepção de música-popular-brasileira como frente única e compactada. Tal mudança liga-se, entre outros fatores, à afirmação de identidades musicais regionais ou estaduais (mangue-beat pernambucano, axé baiano), transnacionais (rap, funk) ou de popularidade considerada meramente adjetiva – embora a palavra “popularesco” não tenha sido ressuscitada (forró estilizado, pagode romântico).

Neste contexto fragmentado, a MPB passa a ter uma segunda vida, designando agora uma parcela do mercado de consumo, uma prateleira entre as prateleiras das lojas de discos: aquela onde repousam os CDs de Chico Buarque, Djavan, Gal Costa e outros compositores e intérpretes surgidos para a fama nos anos 1960 e 1970.

A discussão sobre a situação da MPB pode ganhar com a contextualização histórica das concepções de “música”, “popular” e “brasileiro”. A MPB é um constructo cultural, e como tal nem sempre existiu e nem sempre quis dizer a mesma coisa.

Carlos Sandroni é sociólogo, doutor em Música pela Universidade de Tours, na França, e professor da  Universidade Federal de Pernambuco.

Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/mpb-um-pouco-de-historia/

Vídeos:

Aquarela do Brasil (Ary Barroso)

Brasil
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Ah, abre a cortina do passado
Tira a Mãe Preta,do serrado
Bota o Rei Congo, no congado
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Deixa, cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a Sa Dona, caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Brasil
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Ah, ouve essas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah, este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

O bacalhau em Portugal

bacallau

História do bacalhau em Portugal

O começo com os vikings

A História do bacalhau (entendendo-se aqui como bacalhau o gadus morhua) remonta a documentos do século 9, que comprovam a cobrança de impostos sobre o beneficiamento do peixe em fábricas da Islândia e da Noruega. Os vikings, habitantes dos fiordes da Escandinávia, guerreiros e navegadores corajosos e indomáveis, são considerados os pioneiros na descoberta e no consumo do bacalhau, pois, justamente, viviam no topo do mundo e navegavam pelos mares do Norte, habitat natural da espécie. Essa abundância era de tal ordem, que algumas sagas vikings cantaram a grande quantidade de bacalhau que, diariamente, na maré cheia, enchia os fiordes – «em alguns locais, os cardumes eram tão grandes, que a água parecia ferver», diz uma delas.

Como não tinham sal ou não conheciam o processo de salga, os peixes apenas eram eviscerados e secos ao ar livre, pendurados em armações de madeira por longo período para desidratarem cerca de 3/4 de seu peso. A técnica, embora conservasse o peixe, deixava-o tão duro quanto um pedaço de madeira e fazia com que perdesse boa parte de seu sabor.

Mesmo assim, foi cortando esse peixe duro e seco em pedaços e mascando-o como se fosse biscoito, que esses desbravadores escandinavos puderam viajar da Noruega para as costas distantes e estéreis da Islândia, Groenlândia e Canadá, exatamente as áreas onde o bacalhau do Atlântico é encontrado. Foi o peixe seco, também, a moeda de troca usada pelos vikings para trazer dos portos europeus as mercadorias que precisassem, como cavalo, gado, cereal, sal, madeira e tecidos.

E, foi assim, através do comércio com os vikings, que o bacalhau se tornou conhecido dos bascos, povo que habitava (e ainda habita) as duas vertentes dos Pirineus Ocidentais, do lado da Espanha e da França, na região costeira do Golfo de Vizcaya.

Os bascos e a salga do bacalhau

Os bascos foram os primeiros e, durante séculos, os mais destacados caçadores de baleias do Ocidente. No rastro das baleias, acabaram chegando até o bacalhau. Como já conheciam o sal e dominavam a técnica de conservação de alimentos através dele, aplicaram sua sabedoria ao peixe, salgando-o antes de secá-lo sob as rochas.

O processo de salga e posterior cura usado pelos bascos era facilitado pelo baixíssimo teor de gordura e pela alta concentração de proteínas do próprio bacalhau, o que, além de melhorar o sabor e a umidade do peixe, mantinha todos os seus nutrientes e aumentava significativamente a capacidade de conservação do alimento, ampliando a sua vida útil. Esse era um ponto muito importante pois, naquela época, alimentos que estragavam rapidamente tinham comércio limitado e quanto mais durável o produto, mais fácil era sua comercialização e maior o seu mercado.

E, assim, os bascos puderam ir ainda mais longe que os vikings e entraram para a História como os primeiros comerciantes do bacalhau já curado, salgado e seco tal qual conhecemos hoje, conforme atestam registros históricos. Por volta do ano 1000, já haviam expandido enormemente o mercado do bacalhau, que tornou-se um negócio verdadeiramente internacional e chegou a lugares muito distantes de seu hábitat setentrional.

O «fiel amigo» português

Assim como os bascos, os portugueses, também, conheceram o bacalhau através do contato com os vikings que, pelo menos desde o século 10, iam buscar sal em terras lusitanas, onde estabeleceram colônias ou feitorias, como indicam as construções ovais, ao estilo «viking», em Pedrinhas, perto da Freguesia de Fão, um dos mais importantes centros salineiros de Portugal na Idade Média.

Existem registros do século 11 que dão conta do estabelecimento de relações amigáveis entre os normandos (povo medieval estabelecido no Norte da França, cuja aristocracia descendia em grande parte de vikings da Escandinávia) e as populações do litoral de Portugal. Alguns estudiosos acreditam que. entretanto, pelo menos nessa época, não tenha sido o bacalhau o elo que permitiu que essas relações amigáveis se estabelecessem, e sim, o interesse dos portugueses nos conhecimentos normandos sobre a navegação atlântica. Pensando bem, faz sentido, já que Portugal, alguns séculos depois, tornar-se-ia a maior potência marítima do Ocidente.

Mas, mesmo que o know how da navegação tenha sido o foco, o bacalhau parece ter agradado muito aos portugueses também. Tanto, que eles passaram a pescá-lo. Um acordo de 1353, firmado entre os reis Pedro I de Portugal e Edward II da Inglaterra, estabelecia autorização para pescadores de Lisboa e do Porto poderem pescar o bacalhau nas costas da Inglaterra por 50 anos. A necessidade de estabelecer um acordo indica que a pesca já vinha sendo realizada e, em tal quantidade, que se justificava enquadrar essa atividade nas relações entre os dois reinos. Já nos séculos 14 e 15, o bacalhau era parte integrante da dieta da população portuguesa de forma regular.

Uma carta náutica datada de 1424 de autoria de um tal Zuane Pizzigano, cartógrafo italiano ao serviço de Portugal, sugere que os portugueses, assim como os bascos, também, já haviam estado na América muito antes que Colombo sequer cogitasse sua expedição. O documento reproduz com exatidão um grupo de quatro ilhas com nomes de raiz portuguesa, denominadas Saya, Satanazes, Ymena e Antília, localizadas no  Atlântico, a Noroeste dos Açores, que, claramente, coincidem com a Terra Nova (Newfoundland) e Nova Escócia de um lado e Avalon e, presumivelmente, a Ilha do Príncipe Eduardo, por outro. Mas, todos sabemos, a História «oficial» é outra…

De fato, entretanto, foram os portugueses os primeiros a irem pescar o bacalhau na Terra Nova, depois de sua descoberta «oficial» pelo explorador genovês Jean Cabot (ou Caboto), que, agindo sob a bandeira da Inglaterra, desembarcou em terras do Canadá em 1497. Em 1499, João Fernandes Lavrador e Pedro de Barcelos obtiveram licença do rei de Portugal para procurar terras no Atlântico Norte, dando o nome Labrador a uma zona que fica ao Norte da Terra Nova. Isso intensificou mais ainda a pesca lusitana no ártico, fato de fundamental importância para o futuro das navegações portuguesas, que transformaria Portugal no mais rico e poderoso país do mundo no século 16.

As longas viagens às Índias e travessias pelo Atlântico (mais de três meses em média) exigiam alimentos secos, que não se deteriorassem, garantindo a sobrevivência das tripulações. O bacalhau era a resposta para esse importante problema das travessias marítimas e desempenhou um papel importante na alimentação dos navegadores. Também foi um dos responsáveis pelos muitos casos de escorbuto, resultantes da falta de vitamina C, por não ingerirem folhas verdes e frutos frescos, mas que ficavam bem alimentados ficavam.

Até hoje, o bacalhau é o “fiel amigo” dos portugueses e não é por acaso que o peixe se tornou uma das principais tradições culinárias do país. Cada português come, em média, de oito a nove quilos de bacalhau por ano, servido numa infinidade de receitas – mil segundo eles mesmos dizem.

Sigue: http://correiogourmand.com.br/info_03_dicionarios_gastronomicos_alimentos_carnes_pescados_peixe_bacalhau_02_historia.htm

No final do século XV, na tentativa de encontrar o caminho marítimo para a Índia por oeste, os portugueses acabaram por se deparar com a Terra Nova, que hoje pertence à província Terra Nova e Labrador, no Canadá. Este seria o ponto de partida para a pesca do bacalhau dos portugueses no Atlântico Norte. Nada que até aqui não se soubesse ou que não constasse em livros de história. Mas na conferência Rainhas, Pescas e Cruzadas, que decorreu recentemente no Museu de Marinha, em Lisboa, o tema voltou a ter voz. O investigador Bjørn Poulsen, da Universidade de Aarhus (na Dinamarca), fez uma apresentação sobre a pesca medieval de peixe seco no Atlântico Norte e falou no começo da pesca do bacalhau em Portugal.

Antes de seguirmos nas embarcações portuguesas no final do século XV em direcção à Terra Nova, é conveniente conhecer a pesca de bacalhau no Atlântico Norte na Idade Média. Afinal, foi este o período que antecedeu a descoberta da Terra Nova dos Bacalhaus, como consta em vários mapas e relatos. Bjørn Poulsen descreveu na conferência – no âmbito da exposição Vikings – Guerreiros do Mar no Museu de Marinha, que ainda pode ser visitada – duas “revoluções” da pesca na Idade Média. “A primeira apareceu por volta do ano 1000, e a segunda por volta de 1400 e em adiante”, referiu Bjørn Poulsen.

O historiador dinamarquês avisou logo que iria falar sobre peixe seco, que inclui o arenque e o bacalhau secos. Ou seja, o bacalhau que é apenas seco e não salgado seco (como estamos mais habituados), explica-nos por sua vez Álvaro Garrido, historiador na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (que não participou na conferência). Acrescenta ainda que nos séculos XVI e XVII se consumia muito bacalhau seco. “Era um bacalhau pobre e muito ressequido, tal como se ressequia o carapau na Nazaré.”

Naveguemos então pelas águas do Atlântico Norte. Por volta do ano 1000, o peixe seco chegava aos centros urbanos da Europa do Norte e vinha de águas muito longínquas. “A revolução da pesca que teve lugar no século XI, por volta de 1050, foi o tempo em que a pesca offshore se tinha tornado um projecto a longa distância”, contou Bjørn Poulsen. Para esta revolução, Poulsen apontou o trabalho do zoo-arqueólogo James Barrett (da Universidade de Cambridge, no Reino Unido) e de outros zoo-arqueólogos, que além da urbanização mencionam o Pequeno Óptimo Climático como causa dessas viagens mais distantes. Esse período de tempo mais quente teria originado o decréscimo da produtividade de peixe no Mar Báltico e no Mar do Norte.

Assim, o comércio de bacalhau seco em larga escala começou no século XI. E Bjørn Poulsen referiu que foram descobertos bacalhaus do oceano Árctico ou Atlântico do século XI na localidade viking de Hedeby (na actual Alemanha). Também do século XII se encontraram bacalhaus do Atlântico na cidade de Eslésvico (também agora na Alemanha).

“O bacalhau constitui um exemplo muito ilustrativo de um comércio de longa distância e largamente documentado que emergiu na Idade Viking”, disse. O comércio de longa distância começou na Noruega, na costa Sul do arquipélago de Lofoten (no círculo Polar Árctico), e foi-se depois estendendo para sul.

E como era a pesca? Usavam-se linhas e anzóis. Já o ar frio e seco permitia que o peixe secasse ao vento sem o uso de sal. “O processo simples tornava possível aos agricultores do litoral e pescadores irem pescar e obter lucro ao venderem peixe aos mercadores. Os homens de família concentravam-se na pesca, enquanto as mulheres cuidavam dos animais e das culturas”, descreveu.

O bacalhau era ainda transportado para um “sítio estratégico” na Noruega, a localidade de Bergen, que estava situada entre as zonas de pesca do Norte e os mercados europeus. Foi em Bergen que, em meados do século XIII, os mercadores ganharam o controlo da exportação de bacalhau. No século XIV já dominavam o mercado do Noroeste da Europa, na área do rio Reno e nas terras do Báltico.

Uma portuguesa na Dinamarca
O bacalhau seco era exportado para a maior parte da Europa. Nos séculos XIII e XIV chegou às maiores cidades do Báltico, de Inglaterra e Flandres (região Norte da actual Bélgica). “Londres era uma cidade em pleno crescimento e uma grande consumidora de bacalhau”, referiu o investigador. Chegou também aos mercados do Mediterrâneo. Consta num livro de cozinha do final do século XIV. E fez parte de duas listas do inventário do rei Valdemar II da Dinamarca, por volta de 1230. Numa dessas listas constavam 800 bacalhaus e 16 barris de arenque. A outra lista continha oito toneladas de arenque e 360 bacalhaus. “Não há razão para duvidar de que estávamos a falar de bacalhau do Atlântico”, salientou Bjørn Poulsen.

O bacalhau estava assim na mesa do rei da Dinamarca e, no século XIII, uma infanta portuguesa foi uma das suas consumidoras. Chamava-se Berengária de Portugal e era filha de D. Sancho I. Em 1214 casou-se com Valdemar II. Este veio a ser “o primeiro vínculo dinástico formal entre a Dinamarca e Portugal”, como refere um placard do Museu de Marinha. “Fontes dinamarquesas por volta de 1200 descrevem-nos que era frequente o rei e a sua corte serem abastecidos com bacalhau em todos os sítios da Dinamarca por onde passassem. A rainha Berengária deve ter viajado com o rei, de certeza”, conta ao PÚBLICO o investigador dinamarquês.

A partir do século XV, iniciou-se a segunda “revolução” da pesca, que, como disse Bjørn Poulsen, envolveu “realmente longas distâncias e muito mais investimento da parte dos pescadores”. Por volta de 1450, os pescadores noruegueses foram para norte de Troms e da Finamarca (ambos condados da Noruega), para a Islândia, ou para as ilhas do Norte da Escócia.

Depois de 1370, os maiores navios alemães também já tinham ido para as águas islandesas. Em 1412, os mercadores ingleses apareceram também nas mesmas águas. Os seus portos para navegar para a Islândia estavam na costa Nordeste de Inglaterra, no Mar do Norte. E em 1492 foi de um destes portos, mais exactamente do de Bristol, que o navegador veneziano Giovanni Caboto, conhecido como John Cabot em inglês, partiu em 1497 com o seu navio Matthew e veio a deparar-se com a Terra Nova (embora os Vikings já tivesse passado por lá). Ou de forma mais aportuguesada: a Terra Nova dos Bacalhaus.

Foi também nos finais do século XV que os navegadores portugueses se depararam com esta terra longínqua. “Vários navegadores, todos eles portugueses, navegaram para o Atlântico Noroeste, tentando achar a contracosta da Índia e depararam-se com a Terra Nova dos Bacalhaus”, conta-nos Álvaro Garrido. O sítio vem já mencionado no planisfério de Cantino, de 1502, uma carta náutica que representa os Descobrimentos portugueses. O historiador dá como exemplos de navegadores os irmãos Corte-Real, João Álvaro Fagundes e João Fernandes Lavrador. Foi com este engano à procura do caminho marítimo para a Índia que a pesca do bacalhau começou para os portugueses.

Contudo, sabe-se muito pouco sobre este episódio: “Não há rasto documental e o que se sabe é indirecto, de registos cartográficos nos mapas e de ilações que se deduzem de rastos documentais mínimos.” Afinal, como diz Álvaro Garrido, esta é uma “saga menor na memória histórica do império português.”

Quim Barreiro – Bacalhau à Portuguesa

Quim Barreiro – Bacalhau à Portuguesa

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Teu bacalhau é mesmo uma beleza
És a portuguesa com teu prato especial
Se o cheiro é bom mais gostoso é o cozido
É o prato preferido do povo de Portugal

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Teu bacalhau demolhadinho
Diz-me se é da Noruega ou aqui de Portugal
Mariazinha deixa-mo cheirar
Que coisa tão gostosa, nunca cheirei nada igual

Aí, quero cheirar teu bacalhau Maria
Deixar cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Deixar cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Teu bacalhau é mesmo uma beleza
És a portuguesa com teu prato especial
Se o cheiro é bom mais gostoso é o cozido
É o prato preferido do povo de Portugal

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Quero cheirar teu bacalhau Maria
Quero cheirar teu bacalhau
Mariazinha deixa-me ir à cozinha
Deixa-me ir à cozinha
P’ra cheirar teu bacalhau

Lisboa é Linda!

lsboa

Sete coisas que fazem de Lisboa a cidade máis fixe da Europa, segundo a CNN

O canal norte-americano CNN escolheu sete motivos que fazem de Lisboa a cidade mais cool da Europa. Segundo a jornalista Fiona Dunlop, a capital portuguesa tem um ambiente encantador, boa comida e uma animada vida nocturna, atributos essenciais, segundo a autora, para as cidades que querem ser as melhores do continente.

A vida nocturna da capital portuguesa põe a de Madrid num chinelo e essa seria o primeiro trunfo lisboeta. “Se acha que Madrid fica acordada até tarde, experimente sair à noite em Lisboa”, desafia a autora. Argumenta que a cidade é menos de discotecas, e mais de bares. Descreve como se pode deambular pelas ruas de paredes «graffitadas» do Bairro Alto, onde situa 250 pequenos bares. Um percurso que continuaria a descer, rumo ao rio Tejo e ao Cais do Sodré e que ficaria completo com uma viagem até Santa Apolónia, “numa das mais populares discotecas” da cidade, o Lux.

A segunda razão é a renovada cozinha portuguesa. Além do “já conhecido bacalhau”, dos históricos cafés e das antigas tabernas, a capital tem uma série de restaurantes “modernos, sofisticados e acessíveis”. Num outro patamar, a restauração oferece as bifanas suculentas que os lisboetas gostam de comer nos restaurantes de ruas escondidas. E obviamente o pastel de nata.

O terceiro motivo é a ironia dos lisboetas que, apesar da austeridade, não abdicam deste recurso, segundo a jornalista da CNN. Não só na capital, mas de todos os portugueses, a ironia é a defesa contra os tempos e contra a crise, acrescenta a autora.

O quarto motivo são os castelos e as praias, diferentes ambientes em que há uma constante: a boa gastronomia sempre por perto. Ignorando os casos mais críticos de abandono urbano ou de construções em mau estado, o artigo elogia o design da cidade, focando alguns exemplos de arquitectura contemporânea que favorecem o aspecto da capital, aquilo que a autora elege como quinto motivo. O antigo é vintage e o moderno é de bom gosto. Edifícios espalhados por Lisboa mostram a harmonia entre o contemporâneo e o velho, a mistura entre uma peça de design mais recente e uma peça antiga recuperada.

A penúltima razão é a arte. As colecções mais famosas podem morar em capitais como Londres, Paris ou Madrid, mas o que há em Lisboa reflecte a história portuguesa, destaca a autora. Na Calouste Gulbenkian, ou no Museu Berardo, ou ainda no Museu Nacional de Arte Antiga, estende-se um leque alargado de oferta.

O último motivo são as ruas lisboetas. “Fascinantes”, elogia a autora, as ruas cruzadas e entrelaçadas fazem com que caminhar pela cidade seja tudo menos maçador. Vislumbrar as paredes dos característicos azulejos, tanto em museus como nas fachadas de Alfama e Mouraria, ou poder pisar e observar por toda da cidade a calçada portuguesa.

Fonte: http://www.publico.pt/local/noticia/sete-coisas-que-fariam-lisboa-a-cidade-mais-fixe-da-europa-segundo-a-cnn-1621277

PORQUE É LISBOA UMA CIDADE ÚNICA?

Para uma capital europeia tão pequena, não lhe faltam razões de encanto, e todas muito diferentes. Lisboa, à beira-rio aninhada, esconde tesouros de História, expressa-se em criações artísticas originais, e encontra um espírito castiço muito próprio, que não se encontra em mais lado algum. Conheça as características que fazem da capital portuguesa uma cidade única.

Agraciada com um dos climas mais amenos da Europa, semelhante aos de outros países mediterrânicos, mas temperado pela influência do Oceano Atlântico, o que significa verões quentes e secos sem serem insuportáveis e invernos frios mas toleráveis, Lisboa atrai aqueles à procura de bom tempo. Não é de estranhar, uma vez que é a capital europeia com mais horas de sol, chegando às 9 horas de média. Até no Inverno ele brilha por vários dias, e no Verão os jantares tardios ao ar livre fazem-se sob a sua luz…

A história de Lisboa é anterior à do país de que se tornou capital. Já foi Olissipo, quando fazia parte da província romana Lusitânia, pertenceu a diferentes povos germanos, antes de ser Al-Ushbuna, a Lisboa muçulmana, que foi até à conquista portuguesa, em 1147. Guardiã e porta de entrada do Tejo, conheceu os esplendores do alvor do comércio internacional, no século XV, da qual foi uma das maiores protagonistas. Como testemunho do esplendor dos Descobrimentos, ficaram dois símbolos, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, exemplos do manuelino, estilo único na arquitectura europeia, que reflecte as aspirações do rei que lhe dá nome e se inspirou na epopeia da expansão pelos mares. Convivem na cidade os vestígios de estas e muitas outras histórias, de séculos de um local dinâmico e aberto ao mundo, em permanente transformação.

Poucas cidades no mundo se podem orgulhar de ser o berço e local quase exclusivo de culto de um género musical, ainda para mais considerado património imaterial da Humanidade. Lisboa viu nascer (talvez mais certo seja dizer, deu à luz) este género que, mais do que qualquer outra expressão artística, condensa a alma de um povo. Lisboa sem o Fado, que vive em casas e em salas de espectáculo, dentro de paredes e nas ruas, não seria Lisboa. É uma parte tão característica da cidade que tem até direito a Museu próprio. E é experiência obrigatória para qualquer visitante.

Presença recorrente nos álbuns fotográficos dos que por aqui passam, os elétricos proporcionam uma viagem imprescindível pelas ruas estreitas e inclinadas da cidade. Datados do final do século XIX, chegaram a cobrir a cidade com 24 rotas diferentes. Hoje, sobrevivem cinco rotas, das quais a do 28 é a mais emblemática, com o seu passeio que começa nos Prazeres e acaba no Martim Moniz, passando pela  Graça, Sé e Alfama. Já os elevadores, foram uma invenção que veio ajudar a circulação numa cidade que se ergueu sobre colinas. São quatro, com destaque para o de Santa Justa, o único vertical, e aquele que oferece uma das vistas mais impressionantes da cidade no seu topo.

Lisboa aninha-se em bairros coloridos e cheios de personalidade, que reclamam para si o protagonismo de uma cidade charmosa e que como poucas guarda o segredo de manter certas tradições vivas. Em que outras capitais da Europa se encontra a roupa disposta nos estendais, ou o café que acolhe com igual hospitalidade os vizinhos e os estrangeiros? Seja no berço da cidade (e do Fado) que é Alfama, no ambiente criativo e boémio do Bairro Alto, ou na sofisticação do Chiado, a cada bairro corresponde um modo de vida particular e cada um define, à sua maneira, o que é isso de ser lisboeta, o que é isso de amar Lisboa.

Cada cidade se dá a ver à sua maneira e Lisboa mostra-se em toda a sua cor, diversidade e beleza em locais que a apanham abeirada do Tejo ou com o azul como horizonte. Os miradouros mais icónicos chamam turistas e lisboetas de igual modo, sendo palco de convívio e contemplação faça chuva ou faça sol. Destaque para os miradouros de São Pedro de Alcântara, da Graça e de Santa Luzia.

Há fortes argumentos para considerar Lisboa uma das cidades mais animadas da Europa. Durante o dia, habitantes e visitantes encontram um lugar ao sol (ou abrigado da chuva) numa das muitas esplanadas de que a cidade dispõe, onde alegremente conversam e deixam o tempo passar. Este espírito prolonga-se até altas horas da noite, em certos sítios da cidade – com destaque para o Bairro Alto e o Cais do Sodré – onde lisboetas e estrangeiros se misturam nas ruas estreitas, de copo na mão, ou festejam em bares underground ou de música ao vivo.

Em Lisboa, é difícil não querer absorver todos os pormenores, olhar para todo o lado, inclusive para o chão. A calçada portuguesa é uma arte em vias de extinção mas ainda se encontra espalhada pela cidade. As pedras de calcário e basalto que formam desenhos a preto-e-branco a remeter para a cultura marítima portuguesa são um marco da cidade e podem ser devidamente apreciadas no Rossio, no Chiado e na Avenida da Liberdade.
Em quase todas as zonas de Lisboa é também possível apreciar azulejos que são verdadeiras obras de arte. Nos padrões geométricos ou figurativos, nas naturezas mortas ou cenas históricas, o espírito do país pintou-se em azulejos que ornamentam imponentes fachadas e interiores de espaços públicos e privados. Trazida pelos árabes, a azulejaria floresceu na cidade e pode explorar-se em toda a sua riqueza num museu de referência mundial: o Museu do Azulejo.

Lisboa também é uma cidade dada aos prazeres gastronómicos. Os seus ex-libris, os Pastéis de Belém e a Ginjinha, são doces, mas há muitas outras razões para se dar ao dente na cidade e vão desde as tascas em que os petiscos e comidas tradicionais vêm com travo de autenticidade aos restaurantes com estrela Michelin em que os chefs reinterpretam a gastronomia portuguesa em verdadeiras criações artísticas.

Numa cidade que soube preservar a sua história, também o comércio de outros tempos chegou ao presente. Há sapatarias mais antigas que a República (a Sapataria do Carmo, aberta em 1904), feiras quase tão antigas como a cidade (falamos da Feira da Ladra, cujo primeiro registo data do século XIII) e a livraria mais antiga da Europa ainda em funcionamento (Bertrand do Chiado). Fazer compras em Lisboa é, também, uma viagem ao passado.

Uma das melhores razões para se dar um pulo a Lisboa encontra-se a alguns quilómetros de distância… É a romântica vila de Sintra, a uma viagem de comboio de 30 minutos da capital, que vale o desvio de um dia inteiro, e oferece aos visitantes um cenário de encantar: uma serra verdejante e rica em espécies, um palácio que parece saído de um conto de fadas, carruagens puxadas por cavalos, palacetes exuberantes e esotéricos, vestígios mouros e religiosos, e doçaria de comer e chorar por mais. E o oceano Atlântico, a encontrar-se com o ponto mais ocidental da Europa, no Cabo da Roca, também não fica longe…

Local de veraneio dos ricos e ociosos mas também vila de pescadores e segunda casa de muitos estrangeiros que decidem mudar-se para Portugal, Cascais oferece a minutos da capital todos os prazeres e confortos de uma sofisticada estância balnear europeia, com marcos que vão dos hotéis históricos ao Casino, dos restaurantes com vista para o mar à languidez das praias. E com mais uns minutos de viagem se chega ao Guincho, onde o mar e a natureza selvagem se mostram em todo o seu esplendor.

Fonte: https://www.bestguide.pt/lisboa/porque-e-lisboa-uma-cidade-unica/

A Incrível História Da Cidade De Lisboa

Lisboa é a capital de Portugal, sendo também a capital do distrito e da Área Metropolitana com o mesmo nome. Mas, como Lisboa se veio a tornar na cidade mais importante de Portugal?

Lisboa foi fundada pelos Fenícios sob o nome de Alis Ubbo (“porto seguro”) e pouco tempo depois foi ocupada pelos Gregos e Cartagineses.

No ano 195 a. C., foi conquistada e povoada pelos Romanos que lhe atribuíram o estatuto de município, passando a chamar-se Olissipo. À sua volta começou a fixar-se um bom número de famílias que cultivavam as terras e, em troca de comida e de vinho, recebiam proteção. Devido à sua excelente localização estratégica, tornou-se um importante centro de defesa dos Romanos.

Com a queda do Império Romano, passou a fazer parte do reino suevo da Galiza, até 585 d.C.

Em 711, a cidade foi dominada pelos Muçulmanos, que lhe deram o nome de Al-Ushbuna. Afonso II, o Casto, recuperou-a durante uma década, entre 798 e 808. Mas a reconquista definitiva aconteceu em 1147, através de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, que a conquistou e expandiu para fora das suas muralhas.

Mais tarde, já no século XIV, o rei D. Fernando mandou construir uma nova muralha – a Cerca Nova – com objetivo de defender a cidade contra as permanentes ameaças do rei de Castela.

É, no entanto, com o rei D. Afonso III que a cidade de Lisboa passa definitivamente a ser a capital do Reino de Portugal. Nesta época, Lisboa era já um importante núcleo económico de trocas, possuindo dois mercados centrais de hortaliças: a Praça da Ribeira e a Praça da Figueira, hoje importantes praças da cidade.

Durante os reinados destes dois reis foram criadas as condições que, no final do século XIV, com início da dinastia de Avis, deram origem ao começo da expansão marítima de Portugal e o consequente aumento de poder e enriquecimento da capital portuguesa.

A partir do século XV, o porto de Lisboa tornou-se um dos mais importantes do mundo. A riqueza que gerou com o que as naus descarregavam nos seus cais, atraiu genoveses, judeus, flamencos e maiorquinos, cujos conhecimentos marítimos influenciaram a corte do infante D. Henrique.

No ano de 1500, D. Manuel I abandonou o castelo e passou a fixar-se no Paço Real (no atual Terreiro do Paço), onde toda a vida comercial de Lisboa se passou a centralizar. É nesta altura que nasce o Bairro Alto, onde posteriormente se viria fixar muita da aristocracia portuguesa.

No século seguinte, a Casa da Índia contribuiu para o aumento da riqueza da cidade graças ao comércio gerado com a Ásia, África e Brasil, tornando-se o centro de tráfico de escravos mais importante da Europa.

Contudo, em 1580 o duque de Alba conquistou Portugal e o rei espanhol Felipe II tornou-se rei de Portugal. Depois sucederam-se mais dois reis espanhóis. O país só viria a recuperar a sua independência em 1640, seguindo-se um período esplendoroso na cidade devido às grandes riquezas trazidas do Brasil.

O grande terramoto de 1 de novembro de 1755 destruiu Lisboa, o que deu a oportunidade ao Marquês de Pombal, com o ouro que chegava de Minas Gerais, de reconstruir a cidade baixa e empreender uma obra de requalificação urbanística notável, seguindo um novo traçado geométrico, com grandes vias de estilo clássico.

Com as invasões francesas, a cidade caiu nas mãos de Napoleão em 1807, mas foi reconquistada pelos ingleses, liderados pelo general Wellington.

Após a vitória do liberalismo, a organização urbanística pombalina foi quebrada, passando a ser construídos alguns dos mais emblemáticos edifícios da cidade, dos quais se destacam o Palácio da Ajuda, a Ópera de S. Carlos, a Basílica da Estrela e o Teatro D. Maria II.

Em 1833, a monarquia constitucional foi restaurada e perdurou até a proclamação da República em 1910.

Já no século XX, a Avenida da Liberdade passou a apresentar-se como o eixo da nova cidade, surgindo, então, outros importantes edifícios na cidade, tais como o Hotel Palácio, o Eden Teatro, o Cinema Tivoli e o Hotel Vitória.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Lisboa foi o refúgio de muitos exilados dos países ocupados pelo eixo em trânsito para os Estados Unidos e Grã-Bretanha.

Em 1932, António de Oliveira Salazar tomou o poder e criou uma ditadura, que durou até 25 de abril de 1974, quando um golpe de Estado acabou com este regime. Esse facto ficou conhecido como a “Revolução dos Cravos”. Durante estes anos, Lisboa sofreu uma grande mudança demográfica e expansiva.

Em 1986, Portugal entrou na União Europeia e, doze anos mais tarde, em 1998, Lisboa foi a sede da Exposição Universal, a Expo98 que transformou a fisionomia da parte oriental da cidade.

Lisboa é conhecida como a cidade das “sete colinas”: Castelo, Graça, Monte, Penha de França, São Pedro de Alcântara, Santa Catarina e Estrela.

É hábito chamar aos lisboetas “alfacinhas”, dado que desde muito cedo que Lisboa se tornou famosa pelo cultivo de alfaces.

A estátua do Cristo Rei, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, que se situa na margem esquerda do rio Tejo, é uma cópia do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Possui uma altura de 28 metros e o monumento na totalidade mede 110 metros de altura.

A ponte 25 de Abril foi inaugurada em 1966 pelo primeiro-ministro de Portugal da época,  António Oliveira Salazar, pelo que foi inicialmente batizada de Ponte Salazar. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, a ponte recebeu o seu nome atual, comemorando simbolicamente aquele dia histórico. A ponte tem uma extensão total de 2,2 quilómetros, dos quais 1,2 estão suspensos sobre o rio.

A ponte Vasco da Gama foi inaugurada a 4 de abril de 1998 e é a maior ponte da Europa, medindo 17,2 quilómetros, dos quais 10 estão sobre as águas do estuário do Tejo.

Lisboa possui uma grande cultura de café, existindo muitos nomes para designar os diferentes tipos de café: bica, pingado, garoto, cortado, carioca, italiana, abatanado, curto…

Fonte: https://www.collegiate-ac.pt/noticias-para-estudantes/a-incrivel-historia-da-cidade-de-lisboa/

Por que Lisboa é a cidade mais cool da Europa?

Lisboa é despretensiosa, iluminada pelo sol e emoldurada pelo Rio Tejo, um espelho de cor. As sete colinas em que a cidade está assentada formam um vasto anfiteatro natural que recolhe e reflete a luz. A combinação destes diversos fatores – geográficos, topográficos, materiais e meteorológicos – dão à Lisboa uma luminosidade de outro mundo, tornando-a única entre as cidades europeias.

A atitude local é diferente também, você não encontra nas pessoas a angústia de Berlim ou altivez de Paris nem a fanfarronice de Roma, um dos motivos dos turistas do mundo inteiro sentirem-se tão bem acolhidos, principalmente os brasileiros.

Em Lisboa, há sempre tanto para ver e fazer, abrindo a cada visitante um mundo de possibilidades para as mais variadas experiências: pequenas e charmosas casas, com suas janelas coloridas, paredes de azulejos e varandas acolhedoras.

Cidade cheia de pequenos encantos, suas lindas calçadas, os telhados avermelhados que podem ser observados de tantos miradouros e ainda os antigos candeeiros que a iluminam de noite e a embelezam de dia. A cidade é rica em monumentos, bairros típicos como Alfama, onde a cidade nasceu, que permanece ainda genuíno.

De acordo com os historiadores, Lisboa foi fundada pelos Fenícios e construída ao estilo mourisco, representando as fortes influências árabes. O bairro de Belém é o mais importante em termos de património histórico, com seus monumentos relacionados com os descobrimentos, como a famosa Torre de Belém e o monumento aos Navegadores.

Também localizado em Belém, o Mosteiro dos Jerónimos é visita obrigatória. Situado na grandiosa Praça do Império, a linda construção integra elementos decorativos do gótico e do renascimento. A excelência arquitetônica é evidente, tendo sido reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

As atrações culturais não param aí, o novo Museu dos Coches é espetacular assim como o moderno CCB – Centro Cultural de Belém, local de ebulição da cultura contemporânea. Além de apresentar um acervo de obras fantásticas você pode passear pelos lindos jardins, com vista deslumbrante para o rio, e parar para um café acompanhado de deliciosos pasteis de nata.

Na minha recente estada em Lisboa fui conhecer uma novidade, o Museu do Dinheiro, instalado na antiga igreja de São Julião, inteiramente restaurada no âmbito do projeto de reabilitação da sede do Banco de Portugal, tive a oportunidade de conhecer exemplares raros de notas e moedas de todo o mundo, numa experiência inovadora e interativa, fazer uma viagem virtual ao século XII, ver a primeira moeda da história, cunhada há cerca de 2 700 anos, conhecer a evolução das moedas e notas portuguesas ou cunhar virtualmente uma moeda com meu rosto, adorei a visita (www.museudodinheiro.pt)

Se você é louco por design, Lisboa é um ótimo destino para você descobrir novidades, os portugueses são modernos e criativos, embora respeitem muito seu passado. Sugiro que visitem a Mona, uma loja que apresenta conceitos originais que têm por base objetos comuns, criada por Patrícia Pedro e Nuno Cardoso, uma espécie de design ready-made, mas com funcionalidade. Este espaço também funciona como galeria de arte, e como local de divulgação de jovens artistas, que desta forma ganham uma nova oportunidade para expor os seus trabalhos.

Outro endereço imperdível para os brasileiros é a Casa Pau-Brasil, situada do Palácio Castilho, no Príncipe Real. Trata-se de uma high-end concept store, onde você poderá encontrar uma curadoria de produtos e marcas que melhor representam o design e a originalidade do Brasil, como Lenny, Osklen, Granado, Chocolates Aquim, e ainda móveis de Sergio Rodrigues, Jader Almeida e Irmãos Campana.

A cena gastronômica lisboeta está em plena ebulição, e no comando está o chef José Avillez, à frente do estrelado Restaurante Belcanto (Largo de São Carlos 10) e mais outros sete endereços em Portugal. Não deixem de conhecer o Bairro do Avillez, mistura de mercearia com taberna e restaurante especializado em frutos do mar, que fica em uma área de 1.200m² no Bairro Alto, região badalada da cidade.

Para um café da tarde no Chiado, a boa pedida é o Café Alcoa, nada melhor que saborear um expresso com pastéis de nata ou deliciosos doces portugueses. Para amantes de ostras e peixes o destino certo é a peixaria moderninha Sea Me, além dos maravilhosos pratos de frutos do mar, há excelentes opções de comida japonesa do cardápio.

Para degustar um bacalhau divino vá ao Restaurante Pap’Açorda, localizado dentro do Mercado da Ribeira. Mas no topo da minha lista está o JNcQUOI, lê-se “je ne sais quoi“, uma expressão francesa popular. Uma incrível mistura de loja conceito, bar, restaurante e mercearia inaugurada em abril de 2017 que virou referência, localizada no coração da cidade, no número 182 da Avenida da Liberdade, no Edifício do Teatro Tivoli.

Do café da manhã ao jantar, passando pelo almoço e chá das cinco, o JNcQUOI tem uma oferta diversificada tanto de comida como de moda. No piso intermediário, o Delibar de 42 lugares oferece refeições mais ligeiras como ceviche de garoupa, burrata de búfala, carpaccio de bacalhau defumado ou ovas de salmão com blinis e crème fraiche, acompanhadas de uma longa carta de vinhos ou cocktails.

Ao redor do espaço encontra-se uma mercearia gourmet e uma garrafeira a rodear o espaço com uma seleção de produtos nacionais e internacionais como queijos, charcutaria e muitas trufas. No mesmo piso está um belo expositor da editora Assouline cheio de livros de arte, moda, viagens, arquitetura e design. O restaurante está localizado no piso acima, com uma réplica de um dinossauro em escala real como principal elemento decorativo, entre afrescos antigos nas paredes. A cozinha é liderada pelo chef Antônio Bóia, que traz uma carta composta por reinterpretações de pratos clássicos portugueses e internacionais.

Já no piso inferior fica a nova loja Fashion Clinic, dedicada a roupa e acessórios masculinos de várias marcas de luxo internacionais. A noite em Lisboa é uma criança, a zona do Bairro Alto oferece dezenas de bares de tapas charmosos, frequentados por jovens animados e boêmios.

Outro point que ferve a noite é o Príncipe Real, ao longo da Rua Dom Pedro V você encontra diversos bares e restaurantes descolados como o Lost In Esplanada, lugar cool no miradouro, mas minha parada obrigatória é no Casa da Praia Wine Bar, da querida Paula Farinha, além de  queijos divinos e uma ótima seleção de vinhos do Douro e Alentejo, Paulinha prepara um steak bernaise com purê de batatas trufado dos deuses, além da famosa mousse de chocolate. O pequeno e ultra charmoso bar virou endereço cool de Lisboa.

Falar de Lisboa sem falar do Hotel Ritz Four Seasons, seria uma heresia. O Ritz é uma referência mundial de hotelaria de luxo, sem dúvida o melhor serviço da cidade, considerado entre os melhores do mundo. Desenhado em 1952, este edifício modernista no topo de uma colina é para mim, um oásis na cidade. Embora tenha interiores luxuosos, com belas tapeçarias feitas à mão pelo artista português José Sobral de Almada Negreiros e mobiliário do século XVIII, a atmosfera é aconchegante, a gentileza e dedicação do staff é tão grande que nos sentimos em casa.

A maioria dos quartos possui varandas privativas com vistas do centro histórico e do Parque Eduardo VII, a academia localizada no rooftop é espetacular e conta com uma pista de corrida no telhado traça com uma vista de 360 graus da cidade.

O “pequeno almoço” como é chamado o café da manhã em Portugal é uma experiência gastronômica ímpar, impossível de resistir. O hotel também se destaca pela extensa programação cultural que oferece aos seus hóspedes.

Na sequência do crescimento global do interesse pela arte de rua, sua equipe criou o Tour Four Seasons Hotel Ritz Lisbon Street Art, em parceria com os Underdogs, que inclui uma visita a todos os locais onde artistas portugueses e internacionais têm transformado a paisagem de Lisboa com as suas intervenções murais de grande escala.

O itinerário inclui trabalhos de renomados artistas e coletivos como Alexandre Farto AKA Vhils, PixelPancho, How e Nosm, MaisMenos, Okuda, Nunca, Bicicleta Sem Freio, Clemens Behr e Sainer, entre outros. Esta emocionante e personalizada experiência de Arte de Rua é liderada por um guia de arte e tem uma duração média de quatro horas, conduzindo os visitantes pela Avenida da Liberdade e pelas praças e bairros tradicionais de Alfama e Castelo São Jorge, Bairro Alto e Chiado.

Você pode passear em um carrinho antigo (tipo sidecar) com o motorista e experimentar a vibração única. De volta ao Hotel, a Coleção de Arte Contemporânea Portuguesa do Ritz é extensa e eclética, consistindo em magníficas tapeçarias, esculturas, pinturas a óleo e muito mais.

A coleção inclui dezenas de obras de arte de alguns dos artistas mais conhecidos de Portugal, como Almada Negreiros, Pedro Leitão, Estrela Faria e Querubim Lapa, entre outros. Acabei de voltar e já estou com saudades da “Terrinha”.

Fonte: https://www.revistalofficiel.com.br/viagem/por-que-lisboa-%C3%A9-a-cidade-mais-cool-da-europa

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